Publicado por Redação em Pastoral, Educação - 29/04/2016 às 15:59:26

Ministério pastoral e os desafios na pós-modernidade

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A imagem do/a pastor/a e sua ação pastoral de cuidar, de ser aquele/a que vai atrás, que enfrenta perigos para conduzir suas ovelhas ao caminho bom remonta vários séculos, seja nas páginas bíblicas, seja na história da Igreja Cristã. A mesma imagem parece estar desgastada há vários anos.

A pastora Maria Betânia Dantas Medeiros, que está nomeada há quatro anos para a Igreja Metodista Cambará, em Boa Vista/RR, diz que os desafios são grandes. “Não é fácil desenvolver o ministério pastoral, porque parece que estamos remando contra a maré, contra ideologias que escandalizam o evangelho”, disse.

Diante dos desafios pastorais, o pastor na Região Missionária da Amazônia (Rema) em Jardim dos Estados, na cidade de Jaru/RO, Anilson Rocha, enfatiza que a falta de comprometimento é um impasse. “O maior desafio hoje é desenvolver o ministério pastoral no meio urbano, já que a imagem pastoral está desgastada por causa dos maus testemunhos”, disse o pastor.

Crise e Identidade Pastoral


Uma pesquisa realizada pelo instituto LifeWay Research mostrou razões pelas quais os/as pastores/as deixam o ministério antes da hora nos Estados Unidos. Foram 734 pessoas entrevistadas contemplando quatro denominações, entre elas Igreja do Nazareno, Assembleia de Deus, Igreja Luterana (Sinodo Missouri) e a Convenção Batista do Sul. Das pessoas entrevistadas, 36% recebem outra vocação; 22% deixam o ministério por causa de conflitos na Igreja; 17% devido à Síndrome de Burnout – caracterizada por ser o ponto máximo do estresse profissional; 12% por problemas financeiros e 12% por problemas familiares.

Aqui no Brasil, a pastora e professora da Fateo Dra. Blanches de Paula argumenta em Vocação Pastoral em Debate que a vocação pastoral e a identidade estão ligadas também ao contexto de valores que sustentam o sentido das pessoas. “No caso cristão, esse valor está convergido no que chamamos de Reino de Deus. Tanto na esfera vocacional como na identidade nos acompanham dúvidas e inquietudes que podem redundar em crises que estão relacionadas evidentemente ao nosso desenvolvimento humano. Portanto, a vocação e a identidade precisam de tempo para lidar com a crise”, alerta a pastora.

Para o Bispo emérito João Alves de Oliveira Filho, seguir a Cristo é a principal baliza nos tempos modernos. “Chamado e identidade caminham juntos. ‘Vem e segue-me’ acaba sendo o modelo de nossa conduta pastoral”.

Vocação Pastoral


O assunto sobre vocação pastoral está sempre em discussão. Já foi tema da tradicional Semana Wesleyana, na Fateo, em 2004. As palestras, posteriormente, originaram o livro Vocação Pastoral em Debate organizado pelo pastor Dr. Helmult Renders.

O especialista em práticas pastorais e missão, Dr. Jorge Schültz Dias, destaca a importância do ministério pastoral urbano. “É necessário que se aponte, como advertência, o fator de risco para a igreja urbana, o estabelecimento de um diálogo com o/a cidadão/ã na tentativa de reconfigurar sua presença e atuação na cidade”, enfatizou.

Os desafios são grandes, e a igreja e os/as pastores/as precisam se adequar a essas realidades sem perder a vocação e identidade pastoral e missionária. “Há de ressaltar que, pelas ações que desempenha, o/a pastor/a está numa posição de destaque, pois acaba sendo o/a ‘dono/a da palavra’, seja aconselhando, opinando ou pregando. Começa a se misturar identidade com fantasia. A ideia do onipotente e do ‘super-homem’ nega a sua humanidade”, enfatizou o bispo emérito João Alves de Oliveira Filho.

 

Escrito por: José Geraldo Magalhães

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