Publicado por Redação em Metodismo, Pastoral, Reflexão, Episcopal, Opinião, Educação - 03/07/2017 às 11:28:05

O privilégio e a responsabilidade do pastoreio

Ser chamado/a para ser pastor/a e cuidar do rebanho do Senhor Jesus Cristo, de fato, é um dos grandes privilégios que temos e também uma grande responsabilidade, pois, além de nos relacionarmos com Deus, nos relacionamos com vidas que são preciosas para Ele. Sabendo quem nos chama e a quem iremos prestar contas do nosso chamado, aumenta significativamente nosso temor e tremor diante de Deus.

No exercício de nossa vocação precisamos refletir sobre o Deus que chama, envia e capacita cada um/a de nós, uma vez que aceitamos de coração ser pastor/a. Deus pode agir por si mesmo no mundo e nas pessoas, mas Ele lança mão de homens e mulheres para realizar sua obra no mundo. É diante desse Deus poderoso e cheio de glória, santidade, justiça, amor e graça que exercemos o ministério. Ao mesmo tempo em que recebemos dEle todos os recursos espirituais para ser o que fomos chamados/as a ser, devemos nos consagrar a Ele incondicionalmente e sem restrições, pois Deus espera esta postura de todos/as nós: a renúncia do eu indivi­dual. A nossa consagração a Ele vai determinando o caráter ministerial que vamos exercendo na vida e missão da igreja. Digo isso porque facilmente nos institucionalizamos e nos esquecemos de nossa primeira e suficiente fonte de vida e frutificação ministerial, qual seja, a maravilhosa presença de Deus em nós.

Devemos refletir também sobre nossa relação com as ovelhas que Ele tem confiado a nós e nas que estão perdidas como ovelhas sem pastor/a. Esta reflexão pode ir mudando muito o perfil do ministério pastoral confiado a nós. Pois é muita responsabilidade cuidar de pessoas que não nos pertencem e, sabendo de quem elas são de fato, aumenta nosso sentimento de que não estamos lidando com coisas, mas com vidas preciosíssimas.

Escolhi de propósito alguns versículos do evangelista e apóstolo João, pois ele simboliza no Novo Testamento um pastoreio marcado pelo amor, tanto a Deus como ao próximo, em especial amor aos/às irmãos/ãs da comunidade de fé.
“Aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas” (João 10.2). No versículo 7 Jesus afirma que Ele é a porta das ovelhas.

Portanto, não há pastoreio legítimo se não for por meio dEle. Nós temos tido o privilégio de pastorear porque Deus, em Jesus Cristo, nos deu a Igreja. Sem Ele não seremos frutíferos/as, não conseguiremos fazer o rebanho seguir nos caminhos da missão. Quem não vem para o ministério por meio de Jesus não se sustenta na vocação, não conseguirá exercer ministério frutífero na vida da igreja. Não terá forças para resistir às tentações e pressões que se levantam contra a obra de Deus, contra o rebanho do Senhor. Se tem havido muitos falsos pastores/as é porque não estão entrando pela Porta, mas buscam ser por profissão humana, por mera influência de família ou quem sabe por serem indicados/as para o ministério sem o devido chamado e fruto.

“Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (João 10.11). O pastor da Palestina nos tempos de Jesus é visto como quem corria perigos a favor de suas ovelhas. Assim, como Jesus deu a vida por nós, devemos dar nossa vida para que os rebanhos sob nossos cuidados tenham o melhor. No Antigo Testamento Deus sempre foi visto como o Pastor de Israel, que se preocupava com o povo e sempre desejava redimi-lo de seus males e pecados. Jesus revela de maneira bem prática este pastoreio e cuidado em sua vida ministerial. Nosso chamado pastoral é sacrificial, de entrega, de renúncia, de dedicação e cuidado e amor pelas ovelhas. Dar a vida por elas significa viver ao seu lado; instruí-las e guiá-las com fidelidade às escrituras sagradas; proporciona segurança e paz. Tudo isto contrasta radicalmente com o/a falso/a pastor/a.

“Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas; e elas me conhecem” (João 10.14). Esse verso fala de relacionamento entre pastor e ovelha. Para relacionar-se é preciso conhecer um ao outro, ter presença na vida um do outro. Por isso, o conhecimento que fala não é um conhecimento puramente intelectual, parcial, superficial, incompleto, interesseiro, manipulativo, autoritário, dentro do conceito da mutualidade relacional. O/a pastor/a deve conhecer bem as suas ovelhas, por isso ele/a se relaciona, se faz presente na vida delas e elas na vida do/a pastor/a, não tem como ser diferente. A referência que podemos estabelecer seria com o da trindade santa, exemplo de relacionamento profundo, amoroso, santo. Neste tempo de muitas vozes pastorais, cabe a cada um/a de nós aprofundar o relacionamento de tal forma que o rebanho ouça e siga nossa voz, nossos valores, nossos princípios, nossa fé, nosso amor, nossa missão.

Concluo esta mensagem expressando minha expectativa e oração para com o corpo pastoral de nossa Igreja. Acredito que vamos continuar avançando nos caminhos da missão porque os/as pastores/as estão ouvindo a voz de Deus e seus corações estão ardendo por vidas e por uma Igreja cada vez melhor, mais santa, mais evangelizadora, missionária e discipuladora em terras brasileiras. O Plano Nacional com suas ênfases nos motiva a prosseguir; o ardor missionário e discipulador que tem sido restaurado na vida de nosso povo nos deixa animados com nossa igreja, pois são sinais visíveis do poder e soberania de Deus em nosso meio, e de forma especial na vida dos/as pastores/as que não têm impedido o agir de Deus na igreja local, regional e nacional.

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Bispo Adonias Pereira do Lago
Presidente da 5ª Região Eclesiástica 
Publicado originalmente no jornal Expositor Cristão de julho


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