Publicado por José Geraldo Magalhães em Episcopal - 04/03/2020 às 14:24:34

Palavra Episcopal: Jesus e as mulheres - quebrando paradigmas

As mulheres têm papel importante na história bíblica. No Antigo e no Novo Testamentos encontramos servas misericordiosas; mães intercessoras; líderes poderosas; esposas influentes; contribuintes generosas; profetisas; diaconisas; apoiadoras fiéis; discípulas hospitaleiras; amigas de Jesus. Em histórias como a de Esther; Débora, Maria e Priscila, as mulheres ocupam lugar central.

A Quebra de Paradigmas
Jesus viveu em uma cultura na qual as mulheres eram deixadas fora da vida pública. Havia sérias restrições na maneira como um homem poderia falar com uma mulher em público, mesmo que fosse sua esposa.
As mulheres não tinham permissão para estudar as Escrituras (Torah). De fato, elas eram proibidas até de tocar as Escrituras para que estas não fossem “contaminadas”.

Jesus tem uma postura diferente. Ainda que os rabis fossem proibidos de ensinar as mulheres, Jesus o fez. Um dos exemplos foi Maria (a irmã de Lázaro), que se sentava aos pés de Jesus como uma verdadeira discípula (Lucas 10.38-42).
É interessante perceber, no evangelho de Lucas, que no espaço de apenas dois capítulos (7 e 8) Jesus “descumpre” as leis a respeito de contato com mulheres “impuras” do ponto de vista cerimonial:

Ele toca uma menina morta e lhe restaura a vida (Lucas 8.41-42; 49-55);
Ele aceita que uma mulher hemorrágica lhe toque (Lucas 8.43-48);
Ele permite que uma mulher que não tem “boa reputação” lave os seus pés (Lucas 7.37-39).

Jesus quebrou barreiras. Assim, confirmando, com suas atitudes, aquilo que, mais tarde, o apóstolo Paulo vai dizer em Gálatas 3.28: “Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”.

Jesus e a Mulher Samaritana
A divisão entre judeus/as e samaritanos/as era radical e dolorosa. (Você pode aprender mais a respeito disso em II Reis 17).
A rota mais rápida entre Jerusalém e Galileia era passando por Samaria. Entretanto, quando um/a judeu/a fazia essa viagem, ia por um desvio inconveniente e longo para evitar o contato com os/as samaritanos/as. Jesus, entretanto, sempre passa por Samaria.
Foi durante uma dessas viagens que Jesus teve o encontro com a mulher samaritana, na cidade de Sicar, à beira do poço de Jacó (João 4). Esse poço ficava perto do Monte Gerizim, o lugar sagrado para os/as samaritanos/as, onde haviam construído o seu templo.
A mulher fica surpresa. Jesus pede se ela pode tirar um pouco de água para ele. O pedido a deixa chocada porque Jesus era um HOMEM JUDEU e ela era uma MULHER SAMARITANA.

Essa quebra de paradigma é tão forte que até mesmo os/as discípulos/as (que haviam saído para fazer compras) ficam chocados/as quando voltam e encontram Jesus falando com uma mulher (João 4.27). Na verdade, nessa história Jesus quebra vários paradigmas relacionados às tradições do seu tempo:

Os velhos paradigmas foram quebrados e um novo paradigma já foi estabelecido pelo próprio Jesus. Já temos o referencial. Que, como Igreja Metodista no século XXI, continuemos sendo fiéis aos ensinos e ao exemplo do nosso Senhor

Ele conversa demoradamente, em público, com uma mulher;
Ele conversa, em público, com uma mulher samaritana;
Ele transforma uma mulher samaritana em uma das primeiras anunciadoras do evangelho.

Conclusão
Em 1986, por ocasião do Encontro Nacional de Mulheres Metodistas, o Colégio Episcopal, composto naquele período por seis bispos, escreveu:
“… A mulher ocupou um lugar de relevância no ministério de Jesus Cristo e na dinâmica da Igreja primitiva: as mulheres da Galileia formavam parte do seu séquito no cumprimento da missão. Elas não somente foram testemunhas da sua ressurreição, mas também receberam dele a incumbência de proclamá-la. O espírito Santo foi derramado sobre homens e mulheres, conferindo-lhes dons, profecia, oração e inspiração preparando-as para o cumprimento da missão no mundo. (…) recorda-se que as mulheres tiveram uma presença na igreja primitiva do primeiro século e foram legítimas auxiliares e companheiras de Paulo, na obra missionária (…)”

Os velhos paradigmas foram quebrados e um novo paradigma já foi estabelecido pelo próprio Jesus. Já temos o referencial. Que, como Igreja Metodista no século XXI, continuemos sendo fiéis aos ensinos e ao exemplo do nosso Senhor. 

Bispo João Carlos Lopes
Presidente da 6ª Região Eclesiástica


Publicado originalmente na edição de MARÇO de 2020 do jornal Expositor Cristão 

*Reprodução parcial ou integral deste conteúdo autorizado desde que seja citado a fonte conforme abaixo:

[Nome do repórter ou autor], Expositor Cristão (Edição março de 2020)


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