Em busca de Poesias
Ando atr?s de um poema que anime o nosso olhar,
Ultimamente t?o acabrunhado.
Que permita renovar utopias,
Muito al?m dos limites das ideologias,
Sect?rias, castradoras, an?rquicas.
Atr?s de uma poesia que traga um novo olhar para as cidades,
Ultrapassando a pr?tica das velhas pol?ticas ?redentoras?,
Embaladas por um sistema econ?mico que s? v? o Mercado;
Suprimindo direitos, entortando a verdade,
Impondo-se por uma ?pseudodemocracia?.
Pol?ticas que n?o dialogam com a sociedade,
Desconsiderado milh?es de fam?lias,
Que por n?o orbitarem as cortes palacianas,
V?m a gradativa redu??o or?ament?ria, dos entes federativos,
Destinada ?s pol?ticas p?blicas, compensat?rias, reparat?rias:
Como garantia m?nima de dignidade e de tratamento igual
A todas as pessoas historicamente empobrecidas.
Sim, ando atr?s de um soneto de Cruz e Souza,
Que resgate o valor da liturgia sacrossanta
Da vida das crian?as e adolescentes empobrecidos,
E das mulheres, diariamente, violentadas.
Quero um poema de resili?ncia, real e simb?lica,
Na luta das pessoas afrodescendentes, ind?genas, refugiadas…
Procuro um pensamento po?tico de M?rio Quintana,
Aquele da ?Rua dos Cata-Ventos?,
Ou de Cora Coralina,que fez a escalada da montanha da vida
Removendo pedras e plantando flores.
Em Mario e Coralina, a dor do ser n?o tem dist?ncias,
A precariedade e finitude n?o passam desapercebidas; pois,
H? uma alma humana universal, coletiva e conectada, em n?s,
Que nos congrega num ?suave mist?rio amoroso?.
S? n?o encontramos poesia quando se calam os poetas e poetizas,
E paralisam-se os p?s de quem anuncia coisas boas.
Assim, precisa-se, urgentemente, de homens e mulheres
Que fa?am da dor do desencanto,
Raz?es para novos c?nticos, novos sonhos, novos olhares.
Porque a Poesia germina, no deserto existencial que est? posto,
Promessas de justi?a, esperan?a e paz,
Permitindo que a sensibilidade po?tica caminhe de m?os dadas com a?es prof?ticas de an?ncio e de transforma??o.
Bispo Luiz Verg?lio
Outono de 2017