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Movimento Negro Evangélico emite nota de repúdio sobre caso de racismo contra o pastor Joel Kuvuna, no RS

Divulga??o Aeroporto Salgado Filho
Divulga??o Aeroporto Salgado Filho

No in?cio de novembro, a Movimento Negro Evang?lico (MNE), emitiu uma nota de rep?dio sobre as a?es da Pol?cia Federal no caso do Te?logo e pastor protestante Joel Mbongi Kuvuna. A abertura da nota contextualiza sobre o ocorrido, explicando que Joel, natural da Rep?blica Democr?tica do Congo e doutorando em teologia, estava no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS), quando “passou por uma vistoria vexat?ria, tendo seus pertences e seu corpo farejados por cachorros, chegando ao extremo de ter sido exposto a nudez sem nenhuma explica??o que justificasse tal arbitrariedade”.

Movimentos que combatem o racismo afirmam que a motiva??o da Pol?cia Federal para a atitude em rela??o ao pastor Joel est?o relacionados a?sua cor e nacionalidade. “Fui cruelmente humilhado pelo Departamento da Pol?cia Federal de Porto Alegre.?Quatro policiais sem uniforme militar, mas fortemente armados, vieram na nossa dire??o extremamente furiosos e nos retiraram do setor de embarque”, explica Joel em carta escrita no dia 25 de novembro para?embaixada brasileira em Pret?ria, na ?frica do Sul.

O te?logo veio para o Brasil para participar do Semin?rio Internacional “On becoming human-impacting communities: Gender-Race-Politics” (Tornando-se comunidades de impacto humano: G?nero-Ra?a-Pol?tica), em S?o Leopoldo, tamb?m no Rio Grande do Sul. Recentemente, a secret?ria geral associada para Testemunho P?blico e Diaconia do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), Dra. Isabel Phiri, foi detida e deportada no Aeroporto de Israel. O caso da respeitada te?loga oriunda do Malawi, gerou a defesa do CMI. Confira aqui.

Voc? confere abaixo a Nota de Rep?dio emitida pelo MNE, enviada ? Reda??o do Jornal Expositor Crist?o pelo Bispo Luiz Verg?lio Batista da Rosa, um dos idealizadores da Pastoral do Combate ao Racismo da Igreja Metodista no ?Brasil. Veja em seguida a Carta do Pastor Joel na ?ntegra, publicada pelo Jornal Sul 21.


NOTA DE REP?DIO

O Movimento Negro Evang?lico, um coletivo com representa??o nacional em diversos estados formado por v?rias igrejas e organiza?es evang?licas, que tem como miss?o combater o pecado do racismo em suas mais diversas manifesta?es, vem por meio da presente Nota P?blica, manifestar sua contrariedade e rep?dio ao epis?dio de racismo ocorrido em 21 de outubro de 2016 no aeroporto Salgado Filho na cidade de Porto Alegre contra o reverendo Joel Mbongi Kuvuna, natural da Rep?blica Democr?tica do Congo, doutorando em Teologia, que veio ao Brasil para participar de um Semin?rio Internacional ocorrido em S?o Leopoldo, intitulado ?On becoming human-impacting communities: Gender-Race-Politics? sendo que ao retornar para seu pa?s de origem, ao chegar no aeroporto foi abordado abruptamente pela Pol?cia Federal sendo submetido a uma situa??o de extrema viol?ncia. Passou por uma vistoria vexat?ria, tendo seus pertences e seu corpo farejados por cachorros, chegando ao extremo de sido exposto a nudez sem nenhuma explica??o que justificasse tal arbitrariedade.

Tal atitude da Policia Federal de Porto Alegre configura-se como abuso de poder, discrimina??o racial, desrespeito ao Direitos Humanos, e sobretudo, um insulto ao Criador.

Diante da grave atitude dos policiais o MNE reafirma seu rep?dio veemente e requer a abertura de uma sindic?ncia para elucida??o dos fatos e puni??o dos respons?veis.

Movimento Negro Evang?lico

Brasil, 08 de novembro, 2016


CARTA

Reverendo Joel Mbongi Kuvuna

Estudante de Doutorado da Universidade de KwaZulu-Natal

Pietermaritzburg

?frica do Sul

Sua Excel?ncia

O Embaixador

Embaixada Brasileira em Pret?ria

?frica do Sul

25 de novembro de 2016

C?pia:

Vice-Reitor das Faculdades EST, Brasil

Universidade de KwaZulu-Natal, ?frica do Sul

Union Theological Seminary, Estados Unidos

Universidade de Oslo, Noruega

Embaixada da Rep?blica Democr?tica do Congo no Brasil

Embaixada do Brasil na Rep?blica Democr?tica do Congo

Secretaria de Direitos Humanos no Brasil

Departamento da Pol?cia Federal do Brasil de Porto Alegre

Prezado Senhor,

Epis?dio de Racismo ocorrido em Porto Alegre

Meu nome ? Reverendo Joel Mbongi Kuvuna. Sou natural da Rep?blica Democr?tica do Congo, estudante de doutorado na Universidade de KwaZulu-Natal na ?frica do Sul e pastor da Igreja Protestante.

Lhe escrevo para expor o tratamento desumano que fui exposto em 21 de outubro de 2016, ao t?rmino do Semin?rio Internacional ocorrido em S?o Leopoldo, no Brasil. O encontro, intitulado ?On becoming human-impacting communities: Gender-Race-Politics?, recebeu participantes das Faculdades EST (Brasil), Union Theological Seminary (EUA), University of Oslo, (Noruega) e University of KwaZulu-Natal (UKZN – ?frica do Sul).

Quando retorn?vamos ?s nossas cidades de origem atrav?s do aeroporto Salgado Filho, de Porto Alegre, por volta de 17h, fui cruelmente humilhado pelo Departamento da Pol?cia Federal de Porto Alegre. Quatro policiais sem uniforme militar, mas fortemente armados, vieram na nossa dire??o extremamente furiosos e nos retiraram do setor de embarque: dois professores e dois alunos norte-americanos e eu, logo ap?s o check-in. Nesse instante nos retiraram os passaportes violentamente, sem qualquer explica??o, ordenando que os seguisse; Nos instalaram em seu gabinete, onde insistiram que meus colegas norte-americanos me deixassem sozinho em uma sala separada. Neste momento finalmente entendi que eu seria o alvo do epis?dio. Mas o que eu havia feito de errado? Minha ?nica falha seria a de ser negro e portar um passaporte africano.

Quando meus colegas sa?ram da sala, os agentes abriram minhas bagagens e espalharam meus pertences, sem que eu pudesse perguntar o que havia de errado, dizendo apenas que eu ficasse calado. Fiquei traumatizado pelo ocorrido, pois eles demonstraram claramente seu desd?m por mim enquanto verificavam minhas bagagens. Quando um dos agentes encontrou minha lo??o, disse com desd?m: ?African lotion!?.

Ent?o chamaram seu cachorro para me farejar. Ao n?o encontrar nada, me obrigaram a tirar toda a minha roupa e o for?aram a me farejar mais tr?s vezes. Quanto mais os agentes n?o confirmavam sua expectativa, mais furiosos ficavam. Finalmente, ap?s confirmar a inexist?ncia de qualquer irregularidade, nada foi explicado a respeito do que estava sendo procurado e qualquer pedido de desculpas foi feito. Eles apenas disseram para que eu recolhesse as minhas coisas e sa?sse. Eu chorei como nunca antes, desde que me tornei adulto.

Por que fui tratado de modo desumano, como um animal, mantido em cust?dia, enquanto meus colegas me aguardavam do lado de fora? Ao perguntarmos que lei hav?amos desrespeitado, um dos agentes respondeu ?se voc?s resistirem, n?s queremos mostrar que estamos no Brasil?.

Eu tenho apenas uma hip?tese para isso: quando os agentes viram os passaportes dos meus colegas, os retiraram imediatamente para que me esperassem do lado de fora. Meu tratamento foi em fun??o da minha cor e minha origem. Sou africano e negro e espero uma explica??o sobre o que fizeram comigo, pois mere?o respeito como ser humano. A cor da minha pele n?o pode ser a raz?o para me denegrir. Foi uma conduta vergonhosa do Departamento da Pol?cia Federal de Porto Alegre.

Espero ent?o uma explica??o pelo que foi feito, pois as pessoas precisam ser tratadas com respeito. Todos os seres humanos precisam ser tratados dignamente. Os agentes sabiam que eu sou um aluno de doutorado e um reverendo. Eu estava nu diante dos policiais, mas eles n?o estavam preocupados com isso. Fui farejado pelo seu cachorro, e tudo isso por causa da minha cor e minha origem.

Se queremos um mundo melhor, precisamos banir a viol?ncia e a opress?o, tratarmos as pessoas com respeito, considerando que t?m direito ? dignidade, grande valor e potencial de fazer deste mundo um lugar melhor.

Minha raz?o de escrev?-lo foi para inform?-lo acerca desse evento, e reside na esperan?a que o senhor acolha minha reclama??o e leve at? a pol?cia que me tratou dessa forma, para que tenham consci?ncia da dor que provocaram em seu vergonhoso tratamento. Confio que a minha demanda ser? considerada e minha voz ouvida.

Pe?o ainda aten??o ?s cartas das Institui?es parceiras, que organizaram o presente evento (Union Theological Seminary, dos Estados Unidos e Faculdades EST, no Brasil), anexadas ao presente relato.

Sauda?es

Reverendo Joel Kuvuna

25 de novembro de 2016


Reda??o EC

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