Publicado por Redação em Notícia, Conscientização, Nacional - 29/04/2016 às 15:46:34

Março: o mês que ganhou as ruas

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O Expositor Cristão esteve nas duas manifestações para levar você, leitor/a, a refletir sobre o que está acontecendo com nossa frágil democracia.


Os/as bispos/as têm um posicionamento coerente que já foi publicado na edição de janeiro contra o impedimento da presidente. Vale ressaltar que o governo da Igreja Metodista é episcopal e, nesse sentido, o posicionamento dos/a bispos/a aponta para a seguinte direção. “O Colégio Episcopal é contra o impeachment até que haja provas de que a presidente Dilma Rousseff tenha se beneficiado economicamente ou politicamente” (veja edição de janeiro).

Há quem discorda. "Me causa estranheza a posição dos/a bispos/a com relação ao Impeachment da presidente Dilma. A posição do Colégio Episcopal, ao contrário, mergulha a Igreja Metodista na radicalização tomando partido ao lado dos que são contra o impeachment claramente discordando da frase repetida pelo fundador do Metodismo", disse Luiz Felipe Lehman.

As insatisfações dos/as manifestantes são, principalmente, a favor e contra o impeachment, contra a corrupção que veio à tona nos últimos meses, além do desemprego no Brasil que, segundo o PNAD Continua | IBGE, fechou 2015 com um aumento de 8,5%, maior que o ano anterior, quando teve um índice de 6,8%. Foi o pior indicador desde 2012, época em que o IBGE começou a fazer essa pesquisa. São 8,6 milhões de pessoas desempregadas, chegando a quase 30% em relação a 2014.

Diante desse cenário político e da cobertura midiática, considerada duvidosa por muitos/as especialistas, o bispo Adonias Pereira do Lago convoca os/as metodistas para um tempo de oração, aprova as iniciativas de investigação e reprova todo desrespeito ao povo brasileiro, conforme transcrevemos abaixo:

1) Conclamamos nosso povo à oração em favor do Brasil e de nossas autoridades, para que a verdade venha à tona e a justiça seja feita; independente de quem sejam os/as envolvidos/as;

2) Aprovamos todas as iniciativas e processos constitucionais que fortaleçam nossa democracia por meio de órgãos nacionais;

3) Não condenamos os vazamentos dos diálogos do ex-presidente Lula e repugnamos a linguagem e o caráter de seu conteúdo. Não aceitamos o desrespeito ao povo brasileiro e suas instituições que trabalham pela democracia e liberdade da nação. Como igreja oramos para que venha à tona a sujeira desta nação.

Repercussão


A gravidade da situação no Brasil se tornou alvo dos noticiários internacionais. O trecho a seguir foi publicado no dia 17 de março por Simon Romero, correspondente no Brasil do The New York Times (principal jornal dos Estados Unidos da América). O jornalista deixa claro a situação política que o Brasil se encontra. “O Brasil está enfrentando sua pior crise econômica. Um enorme esquema de corrupção tem prejudicado a empresa pública petrolífera nacional. A epidemia de Zika espalha desespero ao longo da região Nordeste. E, pouco antes de os/as estrangeiros/as chegarem ao país para as Olimpíadas, o governo luta, com quase todas as frentes do sistema político, sob uma nuvem de escândalo”.

Como o próprio jornalista Romero definiu: “quase todas as frentes”, o que inclui não apenas o PT, partido trabalhista de centro-esquerda da presidente, mas também a grande maioria dos grupos políticos e econômicos de centro e de direita a favor do impeachment. Está mais que provado que a corrupção no país é visível, pois a a Polícia Federal tem se empenhado para colocar todos/as os/as corruptos na cadeia. Por outro lado, alguns partidos políticos articulam para eliminar o PT de uma vez por todas e obter o poder que foi entregue democraticamente a ele.

Quando a mídia internacional mostra a política nacional, o seu foco está nos protestos recentes que reuniram milhares de pessoas pedindo o impeachment de Dilma. Alguns/mas consideram ser a maior manifestação ocorrida no país, inclusive maior que a Diretas Já. As fontes midiáticas, antigoverno, mostram as manifestações de forma idealizada contra um partido corrupto.

História


A democracia no Brasil é muito jovem. Em 1964, houve o conhecido golpe militar, tornando quase extinta as liberdades democráticas do país. Os/as militares diziam haver uma possibilidade de revolução comunista no país e instalaram, sob esse pretexto, o sistema bipartidário. Somente após duas décadas de ditadura militar, iniciou-se o processo de transição democrática no Governo brasileiro, quando o primeiro presidente civil, eleito pelo processo de eleições indiretas, assumiu o cargo.

Os/as oficiais/as norte-americanos/as negaram ter participado do golpe, mas registros e documentos revelados posteriormente provam que os Estados Unidos da América apoiaram e ajudaram diretamente o golpe militar. Foram 21 anos de ditadura militar de direita pró-EUA. Em 2014, a Comissão da Verdade publicou um relatório afirmando que ambos os países “treinaram interrogadores/as brasileiros/as em técnicas de tortura”.

Estudos e documentos comprovam que o golpe em si e a ditadura que se seguiu foram apoiados pelas grandes empresas de comunicação, principalmente lideradas pela rede Globo de televisão, a qual destacou o golpe de 1964 como sendo uma derrota de um governo corrupto de esquerda.

Há de se pensar que tanto a ditadura como o golpe militar tiveram apoio da considerada elite brasileira ladeada da pequena classe média. O jornal britânico The Guardian registrou: “Assim como em toda a América Latina dos anos 1960 e 1970, a elite e a classe média se alinharam com o regime militar para afastar o que elas viam como uma ameaça comunista”.

A luta de classes é uma constante no Brasil. Nas manifestações do dia 13, virou polêmica uma foto com uma babá negra que empurrava o carrinho dos gêmeos enquanto o casal segurando um cachorro de estimação se “manifestava” em prol da justiça. A foto rodou o mundo.

O editor-chefe do Americas Quarterly, Brian Winter, em reportagem sobre os protestos no Brasil, definiu os dias 13 a 18 da seguinte forma: “O abismo entre ricos/as e pobres continua sendo o fato central da vida no Brasil; e nesses protestos, isso não é diferente”.

Como já disse o filósofo Aristóteles, aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande: “O ignorante afirma, o sábio duvida e o sensato reflete”. Já está na hora de refletir sobre o futuro de nossa nação.

Escrito por: José Geraldo Magalhães

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