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Jesus e a refugiada síria: a igreja chamada ao encontro dos/as migrantes

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A B?blia nos relata o encontro de Jesus com uma refugiada s?ria (Mc 7.24-30). Jesus havia ido para as terras de Tiro e Sidom, no pa?s que hoje conhecemos como L?bano. Ali, nas margens do Mar Mediterr?neo, ele ? procurado por uma mulher grega de origem s?ria rogando-lhe que expelisse de sua filha um esp?rito que a atormentava. Jesus, que a princ?pio se recusa a atend?-la, pois ?n?o ? bom tomar o p?o dos filhos e lan??-lo aos cachorrinhos?, se impressiona com a resposta da mulher ? ?mas os cachorrinhos comem das migalhas das crian?as? ? e atende a seu pedido ?por causa desta palavra?. Essa ? apenas uma das hist?rias da B?blia que nos ajudam, como igreja, a responder ao desafio atual e urgente de atender aos/?s refugiados/as e imigrantes de nossos dias.

A migra??o n?o ? um fen?meno recente. Ela ? parte da hist?ria humana. O movimento de pessoas de um lugar para outro ? um fen?meno complexo e contextual. Muitos fatores for?am ou atraem grandes contingentes de pessoas a buscar outra regi?o para viver. As causas mais constantes desses movimentos, hoje em dia, s?o as raz?es econ?micas, ecol?gicas, pol?ticas ou situa??es de guerra ou viol?ncia.

A migra??o pode ser volunt?ria ou for?ada. Quando o/a migrante deixa sua terra de origem por decis?o pr?pria, ? considerado/a emigrante de sua regi?o de origem e imigrante na regi?o que o/a acolhe, seja internamente ou em outro pa?s. Entretanto, muitas vezes a pessoa que deixa seu pa?s por decis?o pr?pria se sente for?ada por circunst?ncias al?m do seu controle, como, por exemplo as raz?es clim?ticas que afetam a sobreviv?ncia de fam?lias que vivem da agricultura ou as condi?es econ?micas que levam um pai ou uma m?e a buscar um trabalho melhor para poder alimentar sua fam?lia.

Por outro lado, quando uma pessoa ? for?ada a deixar seu pa?s por causa de um conflito armado ou persegui??o, ela ? considerada refugiada. Essas pessoas, em geral, n?o podem retornar ao seu pa?s de origem, pois a situa??o que deixaram ? perigosa e intoler?vel. Esta ? uma diferen?a importante, pois o/a refugiado/a ? reconhecido/a internacionalmente pela Organiza??o das Na?es Unidas, e os pa?ses que assinaram a Conven??o dos Refugiados devem oferecer prote??o e assist?ncia apropriadas. Quando se instalam em outro pa?s, os/as refugiados/as buscam asilo, mas na verdade nem sempre o recebem.

Hoje em dia, a ONU estima que mais de 250 milh?es de pessoas s?o migrantes e vivem fora do seu pa?s de nascimento. Desses/as migrantes, mais de 65 milh?es s?o pessoas que foram for?adas a migrar por diversas raz?es e mais de 21 milh?es s?o refugiados/as que deixaram seus pa?ses por raz?es de guerra ou persegui??o. Mais da metade desses/as refugiados/as s?o crian?as e adolescentes.

O maior n?mero de refugiados/as atualmente ? da S?ria (5 milh?es), do Afeganist?o (3 milh?es) e da Som?lia (1 milh?o), al?m dos 5 milh?es de refugiados/as palestinos/as que fugiram ou foram expulsos/as pelas guerras entre Israel e os pa?ses ?rabes. E, apesar de as not?cias sobre a crise de refugiados/as e imigra??o somente mostrarem a situa??o nos Estados Unidos e na Europa, os pa?ses que hospedam o maior n?mero de refugiados/as s?o a Turquia (2,5 milh?es), o Paquist?o (1,6 milh?o), o L?bano (1,1 milh?o), o Ir? (980.000), a Eti?pia (740.000) e a Jord?nia (670.000).

Em muitos pa?ses sempre existiu um sentimento anti-imigrante, todavia seu crescimento hoje est? baseado na xenofobia ? o medo do outro que ? diferente de mim ou da minha comunidade. Esse sentimento, manipulado por grupos xen?fobos diante da crise econ?mica e da viol?ncia extremista, alimenta uma percep??o err?nea de que a imigra??o causa desemprego, redu??o de sal?rios e benef?cios, perda de identidade cultural e amea?a ? seguran?a nacional. Essa intoler?ncia com a pessoa estrangeira existe tanto em pa?ses ricos como em pa?ses pobres no mundo. Infelizmente, ela afeta n?o apenas a sociedade secular, mas igrejas e comunidades religiosas tamb?m reproduzem o mesmo temor e rejei??o aos/?s imigrantes e refugiados/as.

? neste contexto que a igreja ? chamada a seguir o exemplo de Jesus e assistir a refugiados/as e imigrantes, independentemente de sua religi?o. A hist?ria do povo de Israel ? uma hist?ria de migra??o. Abra?o deixou sua terra rumo a outro pa?s mandado por Deus. O povo de Israel foi chamado a acolher o estrangeiro, pois tamb?m havia sido estrangeiro no Egito. Noemi e sua fam?lia migraram para fugir da fome. Ela e Rute, sua nora n?o judia, retornam a Israel em busca de sustento e s?o acolhidas. Entretanto, temos que nos lembrar tamb?m de que as hist?rias de Esdras e Neemias relatam a expuls?o das esposas estrangeiras como tentativa de preservar uma pureza do povo judeu, mas que lhes fechou os olhos para serem luz para as na?es.

Hoje em dia as igrejas buscam ser fi?is ? mensagem de Jesus de amor ao pr?ximo diante do grande n?mero de imigrantes e refugiados/as que chegam aos seus pa?ses e que t?m sido rejeitados/as e discriminados/as. Muitas igrejas locais t?m resistido ? atitude xen?foba de parte da popula??o e de alguns governos e t?m se voluntariado para receber fam?lias refugiadas ou para servir de santu?rio para pessoas correndo o risco de serem separadas de suas fam?lias. A Igreja Metodista Unida criou uma Equipe de Resposta Urgente para ativar a rede de igrejas e volunt?rios/as, a qual acompanha fam?lias e pessoas amea?adas de deten??o e deporta??o, e tem apoiado o trabalho das igrejas luteranas e anglicanas na Am?rica Central de acolhida e assist?ncia ?s fam?lias que fogem da viol?ncia das gangues e aos/?s imigrantes retornados/as por deporta??o.

A Igreja Metodista Brit?nica tem participado de um programa de apadrinhamento de fam?lias refugiadas. A Igreja Metodista e Valdense da It?lia criou o projeto Esperan?a no Mediterr?neo que, entre outras coisas, estabeleceu um corredor humanit?rio em coopera??o com o governo e a ONU para identificar e apoiar refugiados/as s?rios/as no L?bano ou africanos/as no Marrocos que qualifiquem para um visto humanit?rio. Al?m de apoi?-los/as para imigrarem para a It?lia, a igreja lhes d? assist?ncia para se adaptarem ao novo pa?s, inclusive ajudando a encontrar uma igreja ou uma mesquita onde possam congregar e continuar a praticar sua f?.

Esses s?o apenas alguns exemplos de como as igrejas e organiza?es religiosas t?m respondido ao desafio da situa??o dos/as imigrantes e refugiados/as do nosso tempo. As igrejas crist?s n?o est?o apenas em um lugar privilegiado para servir ?queles/as que por uma raz?o ou outra deixam sua terra para buscar a vida em outro pa?s. Elas s?o chamadas a serem os bra?os e as m?os de Deus, acolhendo os/as peregrinos/as e estrangeiros/as. Como Jesus acolheu a mulher s?ria, temos que escutar a voz dessas pessoas que est?o em busca de uma vida melhor e segura para suas fam?lias.

Rev. Jorge Luiz F. Domingues | Londres, abril de 2017

Publicado originalmente no?Jornal Expositor Crist?o impresso de maio/2017

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