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Equilíbrio emocional e espiritual na liderança cristã

Nos últimos anos, diversos artigos e livros que abordam o tema do esgotamento emocional – síndrome de burnout – relacionado ao trabalho pastoral têm sido publicados em virtude do crescente número de pastores e pastoras que se encontram em estado de fadiga ou frustração por terem a sensação de que sua dedicação ao trabalho ministerial não tem sido recompensada de maneira adequada.  Mesmo envolvendo questões externas, como problemas institucionais e relacionais, o caminho para conseguir manter o zelo no ministério por um longo tempo, sem um esgotamento emocional e espiritual, envolve uma organização pessoal que começa no coração e culmina em atitudes concretas.

Em seu diálogo com Nicodemos, Jesus afirma que “porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16). Geralmente, essa declaração de Jesus é utilizada em mensagens evangelísticas, porém, nela estão contidas lições que, se praticadas pelos pastores e líderes cristãos, podem ajudá-los a encontrar o equilíbrio emocional e espiritual necessário para servir a Cristo e à sua igreja com alegria e leveza. Essas lições podem ser resumidas em três palavras.

A primeira palavra é motivação: porque Deus tanto amou o mundo”. A palavra “porque” revela o motivo que levou Deus a entregar o seu único filho para salvar o mundo. A motivação de Deus não era ser amado ou admirado, nem mesmo na vaidade de mostrar o quanto era poderoso, mas no amor que faz tudo ter sentido e valor (1Coríntios 13.1-3). O especialista em produtividade Christian Barbosa afirma que “se você não sabe o que deseja, o que e quem é importante na sua vida e se, no final de contas, não é capaz de dizer exatamente quem é, de que adianta ter meta, planejamento, organização ou capacidade execução?” (BARBOSA, 2018, p. 166). Uma visão clara de sua identidade se constitui como o primeiro passo para alcançar o equilíbrio emocional e espiritual, tanto nas situações de tranquilidade quanto nas adversas.

A segunda palavra é atitude: “que deu o seu Filho unigênito”. O amor de Deus não se limitou a sentimentos e palavras, mas sim, se materializou em ações concretas. Um dos principais erros que a liderança cristã comete é não tomar atitudes concretas que promovam a realização de sua visão. Por ter consciência desse perigo, o apóstolo Paulo exortou a igreja em Corinto a evitar esse erro ao dizer que, uma vez que foram os primeiros não somente a contribuir, mas também a ter o desejo de ajudar os cristãos em Jerusalém, os encorajam a completar a obra, “para que o forte desejo de realizá-la seja igualado pela disposição em concluí-la” (2Coríntios 8.10-11).

A terceira palavra é propósito: para que todo aquele o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. A última palavra está relacionada ao objetivo que motiva as ações concretas. No contexto da declaração de Jesus, o ato de Deus entregar o seu filho tem um propósito claro: salvar aqueles que creem. Da mesma forma, a liderança cristã precisa focar no propósito. A escolha da palavra propósito, em vez de resultados, tem um motivo. Nem sempre resultados rápidos cumprem os propósitos de Deus para a sua igreja.

Sendo assim, o caminho para evitar o esgotamento emocional e espiritual é investir tempo na construção de uma identidade que tenha as motivações corretas, que promova ações concretas e que tenha como foco o propósito de Deus para o seu povo.

 

 

 

Leandro Trindade Araújo
Bacharel em teologia pela Faculdade Evangélica de Belo Horizonte (FATE-BH)
Pastor presidente da Comunidade Cristã Ativa, em Contagem
Fundador da Dzenvolve Soluções Estratégicas, que é a desenvolvedora do software de gestão ministerial e cuidado pastoral Apprisco.
Casado com Pâmela Trindade e pai de Arthur Trindade.
@leandrotrindadearaujo

 

 


Referências Bibliográficas

ASH, Christopher. Zelo sem burnout: princípios para manter a chama do ministério acesa. São Paulo: Vida Nova, 2025.

BARBOSA, Christian A. A tríade do tempo: família, trabalho, vida. São Paulo: Buzz Editora, 2018.

MATTES, Tiago. Burnout: da exaustão à plenitude com Deus. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2024.

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