Publicado por Redação em Notícias - 07/01/2019 às 14:45:31

Credibilidade Pastoral

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O tema da credibilidade pastoral vai e volta nas discussões atuais. Credibilidade refere-se à confiança nas pessoas, no que falam e no que creem de verdade. O sentimento de confiança, ou a desconfiança, está sempre alimentando os relacionamentos sociais. Em meio à população brasileira, constata-se uma generalizada sensação de que somos um “povo enganado e explorado”. Semeia-se a ideia de “não confiar em ninguém”.

Neste espaço queremos considerar possíveis respostas à pergunta: o que nos leva a confiar em um pastor ou em uma pastora? Quais seriam algumas qualidades observáveis na vida e atuação pastoral que contribuiriam para que as pessoas confiassem em suas pastoras e em seus pastores? Baseamos esse curto ensaio em observações pessoais, conversas com alunos e alunas e na literatura existente.

Humildade

É preciso recuperar a importância da humildade, desde que não seja usada para subjugar (humilhar) mulheres e outros. Humildade é termo caro à tradição judaico-cristã. Difícil de ser definida. Mais difícil, ainda, de ser vivida. Antes de tudo, humildade é reconhecer que há um Deus, o Criador, acima de nós. Somos meras criaturas. A humildade se expressa, em contexto social, no trato humano respeitoso e no reconhecimento do outro como diferente de mim e como meu próximo. Humildade é o oposto da arrogância. A arrogância é gerada, às vezes, por supervalorização de conhecimentos, títulos e posição na comunidade.

Motivação

Motivação sincera em querer, realmente, ajudar as pessoas que buscam conforto (tornar forte) em meio a sofrimentos, além daqueles e daquelas que procuram amparo no diálogo pastoral para tomarem decisões tidas como cruciais em sua existência. Perguntinhas simples ajudam pastores e pastoras a se conectarem com seu mundo interior e suas verdadeiras motivações: “estou realmente querendo ajudar?”, “o que me leva a querer ajudar o meu próximo?”. Certamente que um acompanhamento solidário de um/a mentor/a, supervisor/a didático/a (não burocrata) ou terapeuta serão muito importantes nessa “viagem interior” do pastor e da pastora.

Coerência

É a coesão entre o falar, o pregar e as atitudes e comportamentos diários. Sua vida retrata o que anuncia em público. É claro que todos/as nós temos contradições e incoerências. No entanto, é nosso dever buscar um mínimo de coerência em torno do que pode ser considerado o cerne da mensagem cristã: viver a fé, o amor a Deus e ao próximo, a busca permanente pela paz com justiça social.

Autenticidade

Muito perto da coerência aparece a autenticidade. É “tornar-se aquilo que realmente se é”. Ser a si mesmo/a é uma grande aspiração dos humanos. Pode ser definida também como integridade. Somos seres únicos forjados por meio de nossos relacionamentos primários, de nossos progressos ao longo da vida, nossos conhecimentos e nossas experiências. É evidente que a busca de autenticidade é processo. Está sempre no caminho. Por outro lado, nessa busca somos restringidos/as por condições culturais e institucionais. Como se diz por aí: “paga-se um grande preço” pelo alcance da autenticidade. Importante, nos limites de nossas atividades, é ser verdadeiro/a consigo mesmo/a e com o próximo e fazer da busca de autenticidade uma meta pessoal a ser atingida.

Vulnerabilidade

Descobrir a “graça da vulnerabilidade”. Reconhecer-se como ser que traz em si fragilidades físicas, psicológicas, intelectuais ou de qualquer outra natureza. Assumir suas fraquezas implica autoconhecimento. Um paralelo bíblico poderia ser o “esvaziar-se de si mesmo” na referência à obra de Cristo (Filipenses 2. 7). Há horas em que é preciso dizer: a tristeza me abateu; ou, ainda, preciso de mais conhecimento; preciso descansar mais; necessito de tratamento profissional… Conhecer a si mesmo é processo fundamental para a saúde total do ser e para compreender melhor as pessoas que demandam por auxílio pastoral.

Essa é apenas uma lista. Incompleta. Porém, certamente, contribui para que sejamos “aperfeiçoados/as” no cumprimento da vocação do pastoreio. 

Prof. Ronaldo Sathler-Rosa | Pastor aposentado
Publicado originalmente na edição de janeiro de 2019 do Jornal Expositor Cristão impresso.


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