A nossa juventude está inserida em um contexto global de grandes transformações sociais. Mudanças essas que produzem novas subjetividades que circunscrevem o que é ser jovem neste tempo presente. As relações sociais classificadas como sólidas parecem, nos dias atuais, apontar para novos desafios da socialização juvenil num mundo marcado pela digitalização da vida. Contudo, tais desafios não devem ser encarados como “problema” ou como “desinteresse” por parte dos jovens de forma isolada. Muitos dos nossos juvenis podem ser considerados hoje como “nativos digitais” – ou seja, nasceram em um contexto de evolução das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) e assim estabeleceram novos vínculos e conexões.
Não defendemos aqui um abandono das relações interpessoais – pelo contrário. O que destacamos é que não há como desconsiderar que uma nova cultura juvenil vem sendo formada e que os elementos dessa nova cultura servem como balizadores para quem deseja trabalhar com a juventude e integrá-la à vida da Igreja local. Em meio às novas condições de sociabilidade, há também um clamor por parte da juventude em pertencer, fazer parte e sentir-se engajado em um projeto cujo propósito está claro e bem definido. Pode até parecer dicotômico, mas na verdade, é uma característica complexa e que integra a identidade juvenil.
Pensar em conexões é pensar no tipo de ambiente que estamos gerando para a nossa juventude. Se o clamor é por pertencimento, sentido e propósito, não há como esperar crescimento onde não há autenticidade, referências e confiança. Nessa perspectiva, o ambiente de discipulado se torna um lugar propício para o fortalecimento de vínculos. É por meio de grupos pequenos que o sentimento de pertencimento é gerado e a vida compartilhada. Não se trata se impor sobre as juventudes um olhar adulto, mas caminhar junto e entender seus dilemas e desafios.
Nesse sentido, há um novo campo a ser explorado por nós. Grandes mudanças sociais também se tornam grandes oportunidades para sermos uma igreja bíblica, contextualizada e relevante na contemporaneidade. Essa compreensão deve nos levar à percepção de que a nossa participação na missão de Deus também precisa ser revitalizada. O senso de propósito é o que pavimenta o caminho da relevância em todas as esferas da vida Cristã.
No início do meu ministério pastoral, ainda como seminarista, recebi o desafio de iniciar a plantação de uma igreja no Sul do estado de Minas Gerais por meio das células e do discipulado. Tinha a convicção de que muito mais do que estabelecer uma estrutura, meu chamado era estabelecer um povo para Deus naquele lugar. Tudo isso me colocou diante do exercício de entender a cultura e desafiá-la em direção ao Reino de Deus, criando pontes e estabelecendo conexões a partir de elementos que faziam parte do cotidiano daquela cidade. Foi abrir o coração para uma nova experiência de vida guiada pelo evangelho.
Não tenho dúvidas de que, para todo projeto novo de Deus, ele levanta jovens para serem usados, aliás, ele nos escolheu olhando para a capacidade de nos entregarmos por completo aos desafios que recebemos (1 João 2.14). Portanto, quero encorajá-los – tanto à juventude e quanto aos que trabalham com jovens nas igrejas locais – à luz da palavra de Deus, a refletirem sobre o contexto em que estamos inseridos e engajá-los em relacionamentos intencionais, na expectativa de que, por meio de nossas conexões, muitos outros possam ser levados à uma experiência com Deus (Romanos 12.2)

Rev. Douglas Franco Bortone
Assessor Episcopal para a FEMEJO – 4RE
Membro da Comissão Ministerial Regional – 4RE
Pastor Titular da Igreja Metodista em Ubá
@douglas.bortone