Publicado por Redação em Metodismo, Reflexão, Episcopal, Opinião - 02/03/2017 às 15:13:46

Líderes com corações servos: um chamado, uma vocação, uma missão

Stanley Jones, aos 88 anos de idade, afirmou: “Eu tenho dito frequentemente, em parte em tom de piada, que quando eu chegar ao céu pedirei 24 horas para ver meus/as amigos/as e depois irei até Ele e direi: ‘O Senhor não tem outro mundo em algum lugar para o qual tenham ido pessoas que precisam de um evangelista como eu? Por favor, mande-me para lá’. Pois não conheço outro céu além de pregar o evangelho às pessoas. Isso é o céu para mim. Tem sido assim, continua a ser e será para sempre.” (JONES, 1995 [1975], p. 116). Ele nos mostra um líder em seu papel mais exemplar: inspirar pessoas.

Não recebemos um chamado de Cristo para fazer outra coisa senão conduzir pessoas à vida plena que Ele oferece e ajudá-las a construir um relacionamento com Ele. Lideramos de muitas formas, desde como preparamos um alimento até a pregação, o estudo ou o louvor no culto. Para isso, precisamos, como Stanley Jones nos aponta, de um coração faminto por vidas rendidas ao Senhor e transformadas em toda a extensão da sua existência. Pontuo apenas dois aspectos da importância desse tipo de liderança na nossa igreja hoje, usando como exemplo Jesus:

1. Uma liderança que ama (João 17)

Na oração sacerdotal, nosso mestre faz um relatório a Deus. Nele, Jesus está preocupado com as coisas que nos desafiam hoje, só que com o olhar espiritual mais aguçado do que o nosso muitas vezes apresenta. Por efeito de espaço, não coloco aqui os versículos completos, mas o/a convido a abrir sua Bíblia para acompanhar. Ele avalia Sua pregação e Seus sermões a partir dos resultados na vida das pessoas (v. 8-9). Ele faz estatística (v. 12). Ele faz uma autoavaliação objetiva e com propósito (v. 19). Ele mantém viva a intenção missionária (v. 20). É evidente Seu compromisso de amor com Seus discípulos e discípulas. Ele Se concentra em oferecer-Se e ser o padrão de vida, pensamento e conduta. Por conta do amor, Ele transforma o que seria servidão em amizade (Jo 15.15). Uma liderança que ama não esconde o “pulo do gato”, mas ensina tudo e anseia que Seus liderados e lideradas O superem (Jo 14.18).

2. Uma liderança serva se preocupa com o que ensina

A Igreja Metodista sempre se orgulhou de formar pes­soas. Nossos membros sabiam bastante de Bíblia, e a instrução na vida da igreja sempre foi um ponto forte. Ainda é. Contudo, o mundo vem mudando e corremos o risco de, em nome da pragmática e dos resultados, não ter tempo suficiente investido nas pessoas no que o discipulado é: “andar junto”. A maior parte do ministério de Jesus foi passada junto aos/as discípulos/as. A educação leva tempo. Exige dedicação, esforço. Demanda avaliação e checagem. Muitas vezes, porém, percebemos erros doutrinários, de caráter, de leitura bíblica e de desobediência aos valores inegociáveis da Igreja de Cristo quando aquela pessoa de nossa igreja local se torna missionária, coordenadora de alguma atividade, líder de grupo pequeno ou ingressa na vida pastoral. Talvez estejamos com a pressa errada, que Deus não demandou de nós. É preciso avaliar-nos nesse sentido. Jesus comissionou Seus/as discípulos/as a várias tarefas antes de enviá-los/as a todo o mundo. Fez treinamentos práticos de evangelismo, expulsão de demônios, pregação da Palavra.

Questionou-os/as sobre seu entendimento da vida e missão e até ficou desapontado com Filipe, quando este lhe pediu para mostrar-lhe o Pai (Jo 14.8). Não eram meros ensinos acadêmicos, mas um conhecimento revestido de vida, de espiritualidade sadia, de clareza interior na vida com o Pai.

3. Ele Se fez servo:

Enquanto ministramos, Deus ministra a nós e nos aperfeiçoa. Assim, a doutrina, a Bíblia e a vida não são indissociáveis, pois emanam de Deus e da Igreja, comunidade de fé, de serviço e também de tradição e de história, para nós. Uma liderança serva é comprometida, viva e ama o próximo. Assim como Stanley Jones ou o próprio João Wesley, ela não se limita nem com o peso de 88 anos de vida. Não admite impedimentos para amar as pessoas e ir ao encontro delas.
Jesus inspirou muita gente e vai fazê-lo enquanto houver mundo. Podemos ser instrumentos que Ele usa ou sentir que nosso ministério, seja qual for, encerra grande frustração e engodo. A questão crucial é: se é para nossa própria glória, é um fim em si mesmo. Se é para a glória de Deus, então é esforço e serviço. Porque não se pode servir sem essas coisas. E não pode se alegrar com o serviço pronto sem o esforço real de fazê-lo. Deus quer nos dar essa alegria. Por isso nos chama a cooperar com Ele: servindo em amor.

Bispa Hideide Birto Torres
Presidente da 8ª Região Eclesiástica

 

Referência: JONES, Stanley. A resposta divina. São Paulo: Imprensa Metodista, 1995 [1975].


Publicado originalmente no Jornal Expositor Cristão de março. Acesse aqui.
 


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