Publicado por Redação em Opinião, Notícias, Episcopal - 05/03/2018 às 10:22:12

Dimensões da Integridade Humana

“Seja, porém, a tua palavra: sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno” (Mateus 5.37)

Bispo Luiz Vergílio Batista da Rosa
Presidente do Colégio Episcopal e Cogeam


O tema nacional para o exercício eclesiástico de 2018, na Igreja Metodista, está relacionado ao desafio de sermos, como seguidores e seguidoras de Jesus, pessoas que buscam viver com integridade. No seu sentido mais estrito, esse termo está ligado àquilo que é inteiro, completo, que reflete uma unidade. Em outras palavras, refere-se ao que não é fragmentado. Assim, podemos considerar que a integridade revela a totalidade do ser; revela-se verdadeiramente do que este se constitui.

1. Verdade e Falsidade

 Vivemos uma permanente tensão sobre o que seja verdadeiro ou falso. Há um aparente relativismo que coloca esse dualismo como uma mera possibilidade de interpretação e compreensão pessoais. Em seu tempo, também, Jesus confrontou-se permanentemente com essa contradição. Foi acusado de mentir e distorcer a verdade, especialmente por fariseus/ias e saduceus/ias. Mas, para Ele, o contrário da verdade não era a falsidade, mas a hipocrisia. Esta palavra grega referia-se a uma pessoa que fazia o papel de ator/atriz. Ou seja, hipócrita é quem esconde-se em uma personagem, não revelando exatamente quem ela é. E, neste sentido, Ele apresentava-se exatamente como era, em quaisquer circunstâncias, e falava e agia de acordo com os valores de sua missão no anúncio do Evangelho do Reino. Essa era a razão de sua autoridade moral e ética: ser verdadeiro, ser pleno, ser inteiro.

2. Três dimensões da integridade

a. Integridade revela a essência do que somos
 Sendo Jesus uma referência de integridade, é muito fácil perceber que a sua vida, as suas palavras e as suas ações foram sempre consistentes e coerentes. Não havia distanciamento entre sua fala e suas atitudes; e as pessoas reconheciam esse fato.

b. Integridade é garantia de confiabilidade
Falar simplesmente a verdade, ou buscar a verdade como padrão de conduta, evidencia a forma de atuação de Jesus. Há uma coe­rência entre os compromissos assumidos por Ele no anúncio da vida de comunhão com Deus, na libertação do jugo do pecado, no atendimento às pessoas necessitadas, no acolhimento às crianças, na denúncia da hipocrisia, da mentira, das injustiças. E seus discípulos e discípulas eram movidos/as por essa confiança depositada nele.

c. Integridade identifica com o que estamos comprometidos/as
 As nossas ações revelam os valores de nossa fé e da coerência desses princípios bíblico-doutrinários com a nossa maneira de viver, de agir. Nossas atitudes revelam a inteireza de nosso caráter cristão.

Conclusão:

Como discípulos e discípulas de Jesus, não somos atores e atrizes de um repertório litúrgico, de uma repetição histórica de fatos ou protagonistas de uma sucessão de eventos religiosos relevantes. A vida de integridade nos transforma em pessoas comprometidas com o anúncio de boas notícias e com as transformações e mudanças que o ser humano e a nossa sociedade precisam, à luz do Evangelho. A realidade brasileira, fragmentada por injustiças, corrupção moral e ética está a exigir uma presença profética e de integridade dos cristãos e cristãs, notadamente do povo metodista. 

Publicado originalmente no Jornal EC de março de 2018. Acesse aqui.


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