Publicado por Redação em Episcopal, Igreja e Sociedade, Direitos Humanos - 14/11/2018 às 16:22:41

Vinte de novembro - um poema do Bispo Luiz Vergílio

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Vinte de novembro
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No Século XVI, da luzidia África

Partem os navios negreiros,

Rumo ao “novo mundo”, das Américas,

Desnudadas e saqueadas por tantos Cabrais.

A Terra de Santa Cruz, Brasil,

Torna-se palco de uma velha civilização,

Esculpida pelo genocídio dos nativos,

Que transfundiu, nos campos e lavouras,

A seiva vermelha os corpos africanos,

Torturados a ferros e fogo;

Nas prisões das senzalas

E nos campos de concentração

De cana-de-açúcar, do café, do algodão...

Perpetuaram-se, desde então,

Os crimes contra a humanidade,

Contra a dignidade humana:

Pecados contra o Eterno!

 

Ah! Palmares! gérmen de um novo mundo;

A verdadeira lei áurea, assinada pelo suor,

Sangue e martírio das vidas africanas,

Da resistência e da inconformidade.

Palmares torna-se a casa grande,

Da autêntica liberdade, resiliência profética,

Do verdadeiro grito de emancipação:

“Liberdade, liberdade abre as asas sobre nós,

E que a voz da igualdade seja sempre a nossa voz!”

 

O mito Zumbi é a reconstrução do ventre da África,

Sudaneses, bantos, minas, guineanos,

Iorubás, Jêjes, nagôs, malês...

Gerando o sentimento de pertença

À ancestralidade africana,

Resgate da real identidade,

Da negritude brasileira que hoje nos constitui:

Somos feitos baobá: negras e negros livres!

Nossa potência está na semente,

Orvalho em nossa consciência de negritude,

Atentos e permanentes em nossa luta,

Pois Deus está conosco!

 

Bispo Luiz Vergílio Batista da Rosa

 

 

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