Publicado por Redação em Notícia, Política, Coluna, Opinião - 29/08/2016 às 16:07:39

Testemunho de quem luta para amenizar a dor causada pela tragédia da Samarco

Bica dágua em São Geraldo de Tumiritinga: moradores de Governador Valadares se deslocam 20 km para pegar água.
Bica dágua em São Geraldo de Tumiritinga: moradores de Governador Valadares se deslocam 20 km para pegar água.



Comprei o jornal Diário do Rio Doce, em agosto, com as seguintes manchetes: “MP assegura veracidade do laudo e contrapõe prefeita”; “Prefeita diz que água é segura”; “Impasse sobre a qualidade da água deixa valadarenses aflitos”. De um lado, o Ministério Público declara que não podemos utilizar a água, de outro, a prefeita de Governador Valadares/MG afirma que o tratamento de água pelo SAAE é seguro. Em briga de grandes, quem sofre são os pequenos.

Preocupação, medo, tristeza, estes são os sentimentos da maioria da população valadarense quando se trata da qualidade da água do Rio Doce, rio que corta a cidade de Valadares/MG e segue até o Estado do Espírito Santo. A água continua imprópria e pode causar vários tipos de doenças. Há desencontro nas informações recebidas pela população local. Há possibilidade de captação alternativa de água, mas que certamente não ficará barato, por isso a demora em resolver esse impasse.

São mais de 200 mil habitantes sofrendo com as consequências desse desastre ambiental. Todos/as continuam pagando a conta de água do Serviço de Água e Esgoto, mesmo sem ter água boa para beber e cozinhar. O direito à vida está sendo violado, afirma um morador ao se expressar no jornal local. Quem não pode comprar água mineral e não tem condição de buscá-la em minas da redondeza está tomando a água “tratada” pelo SAAE. É necessário que uma fiscalização imparcial aconteça aqui na cidade para dar segurança de informação à população pobre, menos favorecida da região do Vale do Rio Doce.

Doenças degenerativas, câncer, problemas de pele e no couro cabeludo podem acontecer com a grande maioria por não ter escolha em relação a uma água de qualidade. O diretor-presidente do SAAE, junto com mais algumas pessoas deste setor, está preso por corrupção relativa a outro Mar de Lama, que inclui verea­dores/as afastados/as e donos/as da empresa de ônibus local; algumas pessoas do comércio também estão presas por causa de corrupção local.

Se em alguns casos pode acontecer a perseguição política por causa de toda a situação que o país vive atualmente, por outro, a população, em geral, não pode confiar em ninguém, pois a cidade está vivendo um momento crítico de desconfiança em todos os aspectos. Uma boa parte da população está vivendo na Europa e nos Estados Unidos há muito tempo, outros/as fogem da crise. A cidade ficou um pouco à mercê da picaretagem de alguns/as, em quem não se pode confiar.

A Igreja tenta ajudar de alguma forma, orando na nascente do Rio Doce para que não venha a secar, contando com um milagre divino, além de ajudar as pessoas com água de poços artesianos e minas das fazendas vizinhas. É possível comparar a cidade de Valadares e outras no Espírito Santo a Davi e Golias, Golias é a SAMARCO e as autoridades e pessoas aliadas a ela, tornando-se assim, uma grande potência.

O Poder Executivo Municipal tem feito o possível, mesmo diante de uma grande perseguição política, como vem acontecendo em toda a nossa Nação. Vale mais caçar as bruxas que cuidar dos/as pobres desamparados/as, inclusive de água potável, alimento básico da vida humana. O entendimento para este momento é que “Não havendo profecia, o povo se corrompe; mas o que guarda a lei, esse é feliz”, em Provérbios 29.18. A Igreja, Corpo de Cristo, precisa deixar de lado os seus problemas domésticos para cuidar daqueles maiores, que requer da liderança e do povo cristão um discernimento nos momentos de aflição da nação onde Ela está inserida.

2016_09_debora_samarcoEscrito por Débora Blunck da Silveira | Pastora Metodista em Governador Valadares
Publicado originalmente no Expositor Cristão de setembro | Acesse e faça download gratuito

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