Protesto em Bras?lia contra a viola??o de direitos ind?genas em agosto de 2016.
Entre os dias 16 e 22 de abril celebra-se a semana dos povos ind?genas, um dos alvos da miss?o da Igreja Metodista. N?o ? de hoje que o Brasil enfrenta a discuss?o dos direitos de ind?genas, violados desde o ?descobrimento? dessas terras, mas, para a Miss?o Indigenista Metodista, seguir os princ?pios que respeitam a cultura ind?gena ? prioridade.
A ?ltima edi??o do Plano Nacional Mission?rio traz como sugest?o de a??o a ?demarca??o das terras ind?genas e quilombolas?. O documento ainda incentiva as igrejas a alertarem sobre a urgente necessidade de an?lise das demandas que envolvem os povos ind?genas, considerados como artistas sociais muitas vezes ignorados.
O ?ltimo relat?rio publicado pela Anistia Internacional chegou ? conclus?o de que, apesar de esfor?os, os direitos da popula??o ind?gena continuam sendo violados. ?Em junho, a Declara??o Americana sobre os Direitos dos Povos Ind?genas foi adotada pela Organiza??o do Estado Americano (OEA), depois de 17 anos de negocia?es. Apesar disso, povos ind?genas em todas as Am?ricas continuaram v?timas de viol?ncia, assassinatos e uso excessivo de for?a pela pol?cia, al?m de abusos aos seus direitos ? terra, territ?rio, recursos naturais e cultura?, afirma o documento, que tamb?m questiona a viola??o da cultura ind?gena.
A miss?o metodista n?o ignora os problemas apresentados pelo relat?rio. A pessoa de refer?ncia designada pelo Col?gio Episcopal para acompanhar a Pastoral Indigenista, Pastor Jo?o Coimbra, assume a miss?o depois de 33 anos de trabalhos realizados pelo casal de pastores, Paulo e Ima Costa.
?A Igreja Metodista alcan?ou uma boa rela??o com os povos ind?genas devido ? tradi??o hist?rica do metodismo desde a experi?ncia de John Wesley, em 1735, na Ge?rgia, quando ele teve a experi?ncia mission?ria de estar entre os povos ind?genas nas Am?ricas. A doutrina da santidade do metodismo tamb?m contribui para esse bom relacionamento entre a Igreja Metodista e os povos ind?genas?, disse o Pastor Coimbra.
Segundo o Pastor, a doutrina da santidade enfatiza os atos de piedade e obras de miseric?rdia, ou seja, ? preciso que haja um bom relacionamento com o ser humano. Ele destacou a import?ncia do bom relacionamento com o ser humano, independentemente da cren?a, cultura e religi?o. ?Podemos dizer que temos contribu?do com o respeito e valor ? pessoa humana e, principalmente, com a cultura dos povos ind?genas. A Igreja Metodista tem desenvolvido um bom relacionamento com os povos ind?genas por causa de nossa tradi??o hist?rica, de nossa doutrina e nosso respeito ? pessoa e ? cultura ind?gena?, disse Coimbra.
Hist?ria da Miss?o Indigenista
Foi no antigo Mato Grosso que, em 1928, a Igreja Metodista iniciou o trabalho com os povos ind?genas com a Miss?o Kaiow? ? logo ap?s a cria??o de oito Reservas Ind?genas pelo Governo Federal em 1920. Tr?s igrejas hist?ricas se aliaram nessa miss?o: a Igreja Presbiteriana Independente e do Brasil, al?m da Metodista, que estava representada pelo rec?m-formado em Medicina, dr. Nelson Becker Ara?jo, e o t?cnico agr?cola Francisco Brianezi. O trabalho foi interrompido em 1946 e voltou 25 anos depois com o pastor Scilla Franco.
Atualmente h? trabalhos com os povos ind?genas em pelo menos quatro estados brasileiros: Trememb?, em Fortaleza/CE; Macuxi, em Boa Vista/RR; Guarani-Kaiow?, em Dourados/MS (confira a edi??o de abril/2015 do Expositor Crist?o) e, em Minas Gerais, com as etnias Maxakali e Mucuri em Te?filo Otoni e Resplendor, respectivamente.
S?o 17 fam?lias que somam aproximadamente 60 pessoas na Aldeia dos Mucuris ? descendentes dos Krenak, que fica em Resplendor/MG. A Aldeia Cachoeirinha em Top?zio, Te?filo Otoni, tamb?m re?ne aproximadamente 60 pessoas no Vale do Rio Doce.
Para o mission?rio que teve o despertamento ao estudar sobre hist?ria ainda quando crian?a, Gilson Clemente, ? uma realiza??o. ?Gra?as a Deus estou h? tr?s anos trabalhando com os Maxakalis aqui em Cachoeirinha (22 km de Top?zio). Nosso projeto mission?rio ? respeitar todas as tradi?es sem interferir na cultura. Com a permiss?o da Funai, tamb?m trabalhamos com a??o social ao ajudar a suprir as necessidades deles/as. Nessa Aldeia, as mulheres fazem a pr?pria roupa. Para isso, temos doado linhas, tesouras e cortes de pano?, finalizou o mission?rio.
Mesmo com a?es em pelo menos quatro estados, a pessoa de refer?ncia da Pastoral Indigenista, Pastor Jo?o Coimbra, acredita que muitos outros povos precisam ser alcan?ados pela Igreja. ?Muitos dos povos ind?genas n?o s?o alcan?ados com o b?sico, com o atendimento ? sa?de e ? educa??o; n?o somente com a prega??o do evangelho, mas tamb?m com os meios necess?rios para uma vida saud?vel?, alertou Coimbra.
O Pastor se sentiu desafiado ao receber a not?cia de sua designa??o, pois ? uma ?rea que precisa de muita aten??o e trabalho. ?Me senti feliz, at? porque eu e minha esposa temos o sangue ind?gena. Moramos numa regi?o onde h? maior n?mero de povos ind?genas, que ? a Amaz?nia. Acredito que existe uma equipe muito aben?oada que j? trabalha. A minha expectativa ? trabalhar com essa equipe e estimular mais pessoas que possam trabalhar com essa miss?o?, finalizou o Pastor Coimbra.
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Sara de Paula
Publicado originalmente no Jornal Expositor Crist?o impresso de abril/2017