Publicado por Redação em Notícia, Internacional, Eventos - 09/11/2016 às 11:17:52

Há 27 anos acontecia a queda do muro de Berlim

População comemora a queda do muro de Berlim | Foto: Staff Sgt. F. Lee Corkran
População comemora a queda do muro de Berlim | Foto: Staff Sgt. F. Lee Corkran



Em 9 de novembro de 1989 a história do mundo era marcada pela queda do muro de Berlim, construído pela República Democrática Alemã durante a gerra fria, em 1961, com o objetivo de estabelecer uma separação com a Alemanha Ocidental.

A celebração de 27 anos da queda da barreira física, relembra o fato de que ela resistiu por 28 anos separando a população, que em uma ação sem planejamento prévio, derrubou o muro em um ato coletivo e emocionante.

Oito mil balões brancos foram dispostos em uma linha de 15 quilômetros onde havia o Muro de BerlimGiselle Garcia/Agência Brasil
Oito mil balões brancos foram dispostos em uma linha de 15 quilômetros onde havia o Muro de BerlimGiselle Garcia/Agência Brasil



Em 2014, para comemorar o aniversário de 25 anos da queda do muro, a Organização Kulturprojekte Berlin cobriu a área onde antes havia a barreira, com balões brancos e lançou um site com 100 histórias de resistência que eram expostas na intervenção. A plataforma Fallof the Wall 25, ou Queda do Muro 25 em português, reúne todas as informações de duas décadas e meia depois do ato histórico.

Entenda como foi o processo da Queda do Muro de Berlim na matéria de Renata Giraldi e Lísia Gusmão, repórteres da Agência Brasil:

Os alemães orientais começaram a buscar as fronteiras menos rigorosas da Hungria e da Checoslováquia com a Áustria. Os líderes da Alemanha Oriental decidiram, então, diminuir a burocracia para o trânsito de cidadãos para o Ocidente. A flexibilização das regras para obtenção de passaportes e vistos foi anunciada numa conturbada coletiva de imprensa na noite de 9 de novembro de 1989, já em pleno outono.

Informações desencontradas e confusas davam conta de que as mudanças entrariam em vigor de imediato. Em poucos minutos, alemães eufóricos tomaram os principais pontos da fronteira entre Berlim Oriental e Berlim Ocidental. “Não foi uma ação planejada. Na verdade, foi uma grande surpresa. O Muro caiu meio que por acaso”, disse diplomata Holger Klitzing, que trabalha na Embaixada da Alemanha no Brasil.

Leia a matéria na íntegra aqui.

Metodista na Alemanha - A atual bispa da Igreja Metodista na Alemenha, Rosemarie Wenner, também compartilhou sua história para celebrar os 25 anos da queda do muro. Na reflexão, a bispa compartilha sua lembrança do momento em que descobriu pelos noticiários que acontecia a queda do muro e fala ainda sobre o chamado que sente para orar pela união entre os povos. 

A Bispa Rosemarie também esteve presente no 20° Concílio Geral da Igreja Metodista brasileira, em julho, na cidade de Teresópolis (RJ). Confira aqui.




Bispa da Alemanha escreve sobre Queda e Chamado do Muro de Berlim


Foto oficial do Conselho de Bispos/as



Existem bem poucos cidadãos alemães com 35 anos ou mais, que não sabem onde eles estavam quando ouviram a notícia: "As fronteiras em Berlim estão abertas!". Imediatamente, o povo de Berlim Oriental foi ver se isso era verdade. Passaram pelos portões de entrada, e muito logo estavam dançando nas ruas da parte ocidental, e sim, alguns até pularam o muro, literalmente.

Meu marido e eu estávamos em férias nos Açores, em 9 de novembro de 1989. Nós não podíamos acreditar no que vimos por acaso no noticiário. Não fomos capazes de entender o que o jornalista Português estava dizendo, mas através de um telefonema com a nossa família na Alemanha, asseguramos que, na verdade um sonho tinha se tornado realidade!

Assistindo as imagens e lembrando a emoção daqueles dias, o meu primeiro comentário sobre o que aconteceu na noite de 9 de novembro de 1989 é: "Graças a Deus!".

Bem sei: a abertura da fronteira que separava meu país natal e todo o processo da reunificação não caiu do nada. Assim vejo o fato de que a luta de muitos cidadãos da República Democrática Alemã (a parte pós Comunista da Alemanha) levou a uma mudança pacífica como um grande dom de Deus, como muitos cristãos fazem. As orações foram respondidas.

Para mim, o presente de Deus, da unificação da minha nação é também um chamado. Há demasiadas paredes em nosso mundo que parecem ser muito grandes e fortes para serem puxadas para baixo, e inúmeras pessoas anseiam por uma vida de liberdade e dignidade.

A nação coreana foi dividida desde 1948. A Guerra da Coreia terminou em 1953 com um cessar-fogo, mas não há nenhum contrato de paz até hoje. Durante as minhas visitas na Coreia do Sul, eu era frequentemente convidada: "Ore conosco, e então vamos superar nossa divisão!" Tomei isso como minha tarefa.

Desde que eu orava na parede que divide os EUA e México perto de San Diego, há alguns anos, juntamente com colegas bispos, eu também oro para que a nação americana possa superar o medo e receber seus vizinhos.

Porque eu sou grata por meu país unificado, eu incentivo os meus colegas alemães para compartilhar o que recebemos. Muitos de nós, incluído eu, temos muito mais do que o suficiente. Nós podemos fazer quarto para os refugiados que chegam na Alemanha. Desconfiança e pior, hostilidade e ódio em relação a estranhos não devem ser autorizados a crescer na nossa sociedade.

Nós, alemães, relembramos mais um acontecimento do dia 9 de novembro: A noite de 09 de novembro de 1938, quando os nazistas incendiaram muitas sinagogas em toda a Alemanha. A grande maioria da população alemã, incluindo muitos cristãos fiéis, observaram o que aconteceu e ficaram calados.

Esta comemoração é um legado também. Temos não só a história de uma luta pacífica contra uma ditadura, mas também uma história de opressão para com judeus ao lado de gentios e outros.

E, no entanto, pela graça de Deus hoje, somos um país abençoado. O trabalho de muitos para construir uma democracia estável na Alemanha tem dado frutos. Temos que mantê-la, multiplicá-la e passá-la para os outros. A partir do que aconteceu 09 de novembro de 1938 e 09 de novembro de 1989, podemos aprender a não fazer mal, fazer o bem e a ser parte da obra de Deus, de modo que os sonhos possam se tornar realidade.

Escrito por Wenner, atual bispo presidente  da Igreja Metodista Unida na Alemanha, em 9 de novembro de 2014.
Publicado originalmente na Agência de Comunicações UMC


Redação EC

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