Publicado por Redação em Notícia, Nacional, Banner - 23/11/2016 às 18:47:19

Faculdade Zumbi dos Palmares lembra do trabalho de metodista no Dia da Consciência Negra

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Kim Kape, secretária-geral da GBHEM compoe a mesa durante a conferência do Dia da Consciência Negra na Faculdade Zumbi dos Palmares | Foto oficial



No último domingo (20), a Faculdade Zumbi dos Palmares promoveu uma Conferência para celebração do Dia da Consciência Negra, em São Paulo. A programação contou com um momento de homenagens para metodistas relevantes na luta pela igualdade racial no país. A Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), representada por seu reitor o Professor Márcio de Moraes, foi lembrada por seu pioneirismo e compromisso irrestrito com o Projeto Universitário da Instituição.

A primeira faculdade idealizada por negros foi fundada em 2003 e contou com o apoio do da UNIMEP para composição do corpo docente, por meio de seu reitor da época, o metodista Professor Almir Maia. Hoje, o Instituto Afro Brasileiro de Ensino Superior é o mantenedor da Faculdade Zumbi dos Palmares, que tem 90% dos alunos negros auto-declarados.

Foto: Bispo Adriel Maia
Placa homenageando o metodista Almir Maia | Foto: Bispo Adriel Maia



Homenagem - Durante o evento, a direção da faculdade homenageou o Prof. Dr. Almir de Souza Maia pelo engajamento nesse projeto. O Bispo Metodista Adriel Maia, irmão de Almir, esteve presente no encontro e lembrou do compromisso do professor em favor da vida, reconhecido pela faculdade que ofereceu uma placa em sua memória. "O sonho, que era nosso, passou a ser seu também", afirma o texto da homenagem fixada no 4° andar da instituição, que conta como Almir acompanhou todo o projeto "até seu último dia de vida terrena".

"Fiquei extremamente emocionado com essa homenagem que, na verdade, coloca em evidência a importância da Educação Metodista à luz dos desafios do Plano para a Vida e Missão da Igreja, que afirma: “há necessidade de apoiar todas as iniciativas que preservem e valorizam a vida humana", explicou o Bispo, ao reforçar que a grande ênfase de Almir foi a democratização da educação, antes mesmo do projeto de cotas raciais do Governo Federal.

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Susana Maia ao lado da placa em homenagem ao Prof. Almir Maia | Foto Bispo Adriel Maia



A esposa do professor Almir, Susana Maia, também esteve presente no encontro e foi a responsável por partilhar um agradecimento especial para a AfroBras. "Foram momentos de emoção, mas também de gratidão a Deus pela vida do Almir e por sua dedicação e empenho em ser estímulo e contribuir com uma parcela significativa para tantas Instituições e pessoas que nele confiaram.", explicou Susana.

O evento ainda contou com a presença do ativista americano, reverendo Jesse Jackson, da deputada angolana Irene Neto e da Secretária Geral do Junta Gera de Educação Superior e Ministério (GBHEM), Kim Cape. O Reitor Dr. Jose Vicente e a pró-reitora, Francisca Rodrigues também prestigiaram a comemoração.

Confira abaixo a homenagem realizada por Suzana Maia e sua família, à AFROBRAS na íntegra.

Agradecimento pela homenagem da AFROBRAS

Minhas primeiras palavras são de agradecimento ao Prof. Dr. José Vicente, reitor da UNIPALMARES, e sua equipe, por esta homenagem tão significativa ao Prof. Almir de Souza Maia.

Almir, embora tendo uma formação inicial em Odontologia, dedicou sua vida à educação durante 37 anos. Seu relacionamento com a AFROBRAS e a UNIPALMARES começou em junho de 1999, quando respondia pela reitoria da Universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP. Segundo suas palavras, anos mais tarde, como metodista trazia consigo “convicções que têm se mantido ao longo de vida quanto à necessidade de trabalharmos por uma sociedade mais justa e igualitária para todos, independentemente de raça, credo, gênero. Nesse sentido, todos os esforços que possamos empreender de integração e ampliação de possibilidades aos negros se inserem num compromisso maior, que foi possível ganhar contornos práticos através da UNIMEP e do IEP, onde exerci cargos executivos. Além disso, a seriedade com que a AFROBRAS tem trabalhado, desde quando nos relacionamos, faz com que mereça o meu respeito e justifique o empenho, não apenas meu, mas também de toda a sociedade, para novas parcerias e apoio em suas lutas”.

Para ele, a Faculdade Zumbi dos Palmares certamente se constituía num ponto de referência, registrado historicamente na luta desenvolvida pela comunidade dos afrodescendentes no Brasil. Durante este período o reitor José Vicente, considerando a proposta e a qualidade acadêmica da UNIMEP optou por fazer ali o Mestrado e o Doutorado em Educação.

Convivendo com Almir pude entender porque ele e o grupo de profissionais da UNIPALMARES se mantiveram por tantos anos unidos e em parceria: o relacionamento era de amizade, de convívio e de muita identificação.

Ele foi homenageado em várias cerimônias anuais das AFROBRAS, que reúnem a elite intelectual negra do país, homenageando aqueles que se destacam nas artes, na ciência e na educação. E também Almir Maia foi distinguido com as mais altas honrarias e troféus concedidos pela ONG. Em 2008 e 2009, ele foi homenageado nas duas primeiras formaturas da Faculdade Zumbi dos Palmares. 

Agora, mais uma vez, é lembrado com esta homenagem. E é com muita emoção que todos nós, familiares, nos sentimos especialmente honrados e agradecemos à UNIPALMARES.    

Finalizando, não posso deixar de mencionar um versículo que Almir sempre usou em suas falas e também deixou registrado na introdução de seu livro “Além das crises, esperança” e que se encontra em Lamentações 3.21: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança”.

Almir acreditava, como educador, que “aprender com a história é buscar na sua memória a força que faz nascer a esperança. Isso é sabedoria. A esperança não acontece gratuitamente, mas é algo que se sonha, se busca, se constrói e se conquista! Que os educadores sejam sempre movidos pelo desejo de semear sempre, na esperança de que venham os frutos no momento oportuno.” 

Susana Fernandes Ribeiro Maia e família

Redação EC

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