Publicado por Redação em Metodismo, Notícias - 03/05/2018 às 15:34:50

Experiência do coração aquecido de John Wesley completa 280 anos

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Os irmãos John e Charles Wesley, pastores anglicanos, embora muito bem intencionados, fracassaram em sua viagem missionária aos Estados Unidos, que durou apenas 18 meses. Frustrado e deprimido, John Wesley exclamou: “fui à América evangelizar os/as índios/as, mas quem me converterá?”.

Durante uma grande tempestade na travessia do Oceano Atlântico,  ficou profundamente impressionado com a confiança e tranquilidade demonstradas por um grupo morávio de cristãos pietistas que alegremente cantavam e louvavam ao nome de Jesus diante da perspectiva da morte. Tal atitude contrastava com os sentimentos de medo da morte e do juízo final. Tais experiências são o início de uma crise que o levaria a uma grande descoberta!

O problema é que eles não conheciam a graça de Deus. Quando Charles Wesley ficou doente a ponto de quase morrer, foi interrogado sobre aquilo em que depositava confiança para a vida eterna. Sua resposta foi: “Tenho empregado meus melhores esforços para servir a Deus”. Como o amigo que fizera a pergunta parecesse não ficar completamente satisfeito com a resposta, pensou Charles: “Pois quê? Não são meus esforços razão suficiente para a esperança? Despojar-me-ia de meus esforços? Nada mais tenho em que confiar” (Vida do Rev. Charles Wesley, de Whitehead, p. 102).

Embora vivessem uma vida de rigorosa renúncia em busca da santidade que lhes garantisse o favor divino, por esta via, John e Charles jamais alcançaram a paz e a alegria oriundas da certeza da salvação.

Foi somente no dia 24 de maio de 1738, numa pequena reunião, ouvindo a leitura de um antigo comentário escrito pelo reformador Martinho Lutero sobre a Carta aos Romanos, que John Wesley sentiu seu coração aquecer-se de modo sublime, por haver compreendido perfeitamente a essência do Evangelho de Cristo, renunciando toda confiança em suas próprias obras e passando a confiar inteiramente no Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. 

Esta chama acesa no coração de Wesley não foi fogo de palha! Tal experiência produziu uma verdadeira revolução e mudou sua perspectiva do Evangelho e da missão da Igreja. Wesley tornou-se um pregador fervoroso e incansável da justificação pela fé na cruz de Cristo e do poder do Espírito Santo para transformação e santificação de indivíduos e comunidades inteiras.

Nos 50 anos que se seguiram, ele pregou em média três sermões por dia; a maior parte deles ao ar livre. Milhares se converteram e passaram a trilhar o caminho da santidade. Um avivamento se deu de modo a afetar positivamente toda a sociedade, resultando na abolição dos/as escravos/as, reformas educacionais, reformas no sistema prisional, reformas nas questões trabalhistas, de modo que historiadores/as chegam a atribuir ao movimento metodista o mérito de a Inglaterra não ter padecido os horrores de uma revolução sangrenta como a que aconteceu na França.

O metodismo também foi um movimento missionário. Missionários/as foram enviados/as para diversos países. Depois da experiência do Coração Aquecido, o metodismo conquista o coração do povo americano. Em 1776 os/as metodistas representavam 2,5% da população religiosa nos Estados Unidos. Em 1850 os/as metodistas já representavam 34,2%! Em outras palavras, enquanto em 1776, 1 em cada 40 americanos/as era metodista, em 1859, era 1 em cada 3! E nenhuma outra denominação chegava ao menos perto do número de metodistas naquela ocasião.

Em segundo lugar vinham os/as batistas, com 20,5% (The Churching of America, 1776-2005: Winners and Losers in Our Religious Economy, Revised and Expanded Edition; Autores: Roger Finke e Rodney Stark).

A grande família metodista possui hoje cerca de 80 milhões de membros e está presente em 140 países. Nos últimos dez anos, igrejas de linha de santidade tornaram-se cada vez mais conscientes do seu patrimônio único e de seu potencial para ministrar com relevância as necessidades desta sociedade pós-moderna. 

Com ênfase na graça de Deus, transformação, vida íntegra e autêntica diante de Deus e de outras pessoas, a mensagem de santidade é cada vez mais a­traente para uma ampla gama de pessoas de todas as tradições religiosas. Sentem necessidade de rearticular a mensagem de santidade de modo a fazer jus ao seu legado histórico, à medida que também buscam evitar as armadilhas de dois extremos: legalismo, de um lado, e evangélicos/as genéricos/as sem transformação de vida, de outro. Portanto, estão unindo-se no propósito de reformar a nação, particularmente a Igreja, a fim de espalhar a santidade bíblica sobre toda a terra.

O que o mundo mais precisa hoje em dia é exatamente esta mensagem de santidade enfatizada por John Wesley. As igrejas precisam de uma mensagem autêntica e clara que substituirá o “santo graal” de métodos como o foco de sua missão. Nossa mensagem é nossa missão!

Além do mais, temos sido inundados/as por líderes que se tornaram prisioneiros/as de uma mentalidade de sucesso numérico e influência programática. Eles/as tornaram-se tão preocupados/as sobre “como” administrar a igreja que negligenciaram o aspecto mais importante que tem a ver com “o que” a igreja declara. Nós inundamos o “mercado” com esforços metodológicos para fazer a igreja crescer. Neste processo, nossos/as líderes perderam a capacidade de liderar.

Eles/as não conseguem liderar porque não têm nenhuma mensagem autêntica para transmitir, nem uma visão autêntica de Deus, nem uma compreensão transformadora da alteridade de Deus (Deus: o totalmente Outro). Eles/as sabem disso e desejam encontrar o poder centralizador de uma mensagem que faça a diferença. Mas que nunca desejam banhar-se em uma profunda compreensão do chamado de Deus pela santidade – vida transformada. Estão cansados/as de confiarem em métodos. Querem uma missão. Querem uma mensagem!

As pessoas hoje buscam um futuro sem terem uma memória espiritual. Elas suplicam aos/às cristãos/ãs por uma palavra generosa e integrante que faça sentido e faça a diferença. Temos a obrigação de deixar claro que Deus é relevante para a vida das pessoas. Nós temos de nos livrar de nossa obsessão por uma linguagem verborrágica, de expectativas embaraçosas e de nossos padrões intransigentes. Qual é o âmago, o centro, a essência do chamado de Deus? Eis aí nossa mensagem, eis aí nossa missão! 

SAIBA MAIS

John Wesley foi o líder e desbravador do Movimento Metodista ocorrido na Inglaterra no século XVIII. Nasceu em Epworth, na Inglaterra, no dia 17 de junho de 1703, filho de um sacerdote anglicano. Durante seis anos, ele estudou na escola de Charterhouse, em Londres, e em 1720 decidiu ir para Christ Church College, em Oxford, até que em 1726 foi eleito membro da Lincoln College. Ordenado diácono para o Ministério Anglicano, ele passou a acompanhar seu pai na direção da Igreja Anglicana e após a sua morte começou a pregar o Evangelho em uma colônia da Geórgia. Foi para os Estados Unidos em 1736 e permaneceu lá até 1738.

Em 1940, quando os seus seguidores foram excluídos da comunhão, Wesley passou a administrar a comunhão durante as suas reuniões. Ele pregava aos operários em praças e salões  e tornou-se conhecidíssima a sua frase: "o mundo é a minha paróquia”. Wesley andava por toda a parte em cima do seu cavalo, conquistando o apelido de 'O Cavaleiro de Deus'. Tanto que estima-se que em 50 anos, ele tenha percorrido 400 mil quilômetros e pregado 40 mil sermões.

Fraternidade Wesleyana de Santidade
http://santidadeeunidade.org 
http://santidadeeunidade.blogspot.com
Publicado originalmente no Jornal Expositor Cristão de maio de 2018


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