Mais um m?s de mar?o, mais uma celebra??o do Dia Internacional da Mulher, mais uma vez as terr?veis estat?sticas de viol?ncia contra a mulher e ainda pouca coisa sendo feita por n?s, Igreja, contra essa calamidade. N?o h? uma pol?tica, um programa, uma a??o institucional de confronto espiritual e da cultura do Reino contra o machismo e a misoginia – atitude cultural de ?dio ?s mulheres.?Pelo contr?rio, somos ainda indiferentes e, mais que coniventes, acabamos reproduzindo o discurso dos valores culturais de uma sociedade que jaz no maligno. Em um culto, o pastor pregava que o mal do mundo e da fam?lia moderna ? que as mulheres n?o estavam mais sendo submissas aos seus maridos. Quer dizer ent?o que quando as mulheres eram totalmente submissas e dependentes dos seus maridos, sem poder estudar, ter uma carreira a n?o ser a de ?rainha do lar?, esposa e m?e, o mundo era uma b?n??o? Claro que n?o.?Esses discursos que se repetiam come?aram a me incomodar e ent?o comecei a orar a respeito, buscar orienta??o nas Sagradas Escrituras, orar ainda mais, ouvir a voz do Senhor Jesus, a voz do Esp?rito Santo e procurar pensar com a mente de Cristo.
Como o Deus que nos criou, homens e mulheres ? sua imagem e semelhan?a, e que n?o faz acep??o de pessoas pode criar a mulher para, segundo a teologia de muitos s?culos, ser subserviente ao homem, ser uma pessoa incapaz de ter e gestar uma hist?ria pessoal??Relendo G?nesis 2 vemos que Deus cria a mulher como solu??o para a solid?o do homem, que nesse relato havia sido criado antes. ?N?o ? bom que o homem esteja s?. Mas a teologia, feita por homens, interpretou a express?o ?uma auxiliadora que lhe fosse id?nea? n?o como algu?m igual, com quem o homem pudesse se relacionar de igual para igual, como significa o texto b?blico original, mas como uma esp?cie de cuidadora dele, dos/as seus/as filhos/as, da sua casa, das suas coisas.
Relendo Ef?sios 5.22, vemos que numa sociedade cruel que usava e abusava das mulheres, o ap?stolo Paulo orienta que os homens devem amar a esposa. N?o apenas com o amor er?tico de marido e mulher ou amor fraternal que nos faz proteger quem ? da fam?lia, mas com o amor ?gape, que implica necessariamente em se colocar na vida da esposa como um servo, um ministro, ?um auxiliar que lhe seja id?neo?. E reparemos que n?o ? como um servo qualquer, mas que tem o amor de Jesus pela sua Igreja como padr?o m?nimo de qualidade. Ele amou-a at? as ?ltimas consequ?ncias. Ele n?o veio para ser servido por ela, mas para servi-la. O maior ? o que serve, ensinou Jesus. Assim, sem tirar o protagonismo do homem, Jesus ensina que h? grandeza em cuidar e promover a mulher esposa, trazendo-a tamb?m ? condi??o de companheira, de protagonista.
? mulher ? dada a tarefa de ser submissa. Porquanto, a submiss?o da mulher ao marido ? b?blica. Mas essa ? apenas parte da orienta??o. Se virmos o vers?culo anterior, Paulo escreve que devemos ser submissos/as uns aos outros no temor do Senhor. A submiss?o, portanto, ? uma submiss?o m?tua. Devemos ser submissos/as uns aos outros. Em outro lugar Paulo vai dizer o porqu? e como essa submiss?o deveria acontecer: n?o fa?am nada por partidarismo, mas com humildade, cada um considerando o seu pr?ximo (homem ou mulher!) superior a voc?! (Fp 2.3). N?o ? deixar que algu?m nos domine (pois somos livres e n?o devemos nos colocar novamente sob o jugo de nada nem ningu?m (cf Gl 5.1), mas ? servir e cuidar uns dos outros no poder do Esp?rito Santo, na for?a que Deus d? (1Pd 4.10-11). Em Atos 2.42-47 e Atos 4.32-37 diz que os/as crist?os/?s se cuidavam mutuamente a ponto de n?o haver no meio daquela comunidade algu?m que passasse necessidade de alimento, abrigo, amizade, fam?lia e apoio.
“N?o h? uma pol?tica, um programa, uma a??o institucional contra o machismo”
Em qualquer ?poca, cultura e religi?o, qualquer homem ateu, id?latra, mau car?ter, ?mpio, de ?nimo dobre, etc., pode dominar a sua esposa e, consequentemente, a esposa ser uma pessoa que se anula e aceita o papel diab?lico de ser uma pessoa inferior. S? um casal que se rendeu a Cristo, que ? cheio da un??o do Esp?rito Santo, consegue discernir e aceitar o desafio de viver em novidade de vida conjugal e familiar. S?o duas pessoas com identidade pessoal diferente, com livre arb?trio e dons espirituais, desejos e projetos, que por amor decidem construir uma vida a dois e n?o mais andar separadas, sem que uma anule a outro.?Alguns/as se surpreendem: mas se homem e mulher s?o iguais, quem dar? a ?ltima palavra? Deus! A experi?ncia de buscar e compreender a vontade de Deus deve levar marido e mulher, quando est?o em concord?ncia, a orarem sem cessar, discernindo a vontade de Deus. Devem orar ainda mais, de modo generoso, quando est?o em discord?ncia de algo. A Palavra final na vida de um casal deve ser a de Deus. ?Nossa resposta certa vem dos l?bios do Senhor?(Pv 16.1).
O ap?stolo Paulo disse que o homem ? superior? Disse sim, mas disse tamb?m que os/as escravos/as deveriam ser submissos/as aos seus senhores. Paulo ? algu?m maravilhoso, um profeta de Deus que anteviu e antecipou muitas coisas sobre liberdades e direitos individuais, mas tamb?m era um homem do seu tempo, que n?o conseguia ver um mundo sem escravid?o e sem o patriarcalismo dos homens dominando as mulheres. Mas como saber o que deve ser lido, aceito e obedecido literalmente na b?blia e o que n?o? N?o h? espa?o aqui neste artigo, mas de modo muito simplista, eu digo, compare com o que Jesus viveu e ensinou. Ore pedindo revela??o de Deus para que a vontade de Deus seja conhecida e aconte?a na terra, na sua vida e no seu casamento, como ela ? soberana no C?u.
Escrito por: Ronan Boechat | Pastor na 1? Regi?o
