Publicado por Redação em Notícias, Metodismo - 04/07/2018 às 13:47:19

A importância do nascimento de John Wesley para o movimento Metodista

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Um dos pastores metodistas que marcaram o Século 20 no Brasil foi o Rev. John Inácio da Silva. Iniciou sua vida pastoral em inesquecível pastorado na Igreja Metodista em Jericó, interior de São Paulo. Deixou não apenas um legado maravilhoso no município, mas, especialmente, deixou um Ponto Missionário na cidade que viria a se tornar a Igreja Metodista Central em Cunha. Outro grande legado desse pastor e de sua esposa, dona Iracema (ela, aos 90 anos, frequenta a Igreja Metodista em Santo André), são seus nove filhos/as. Nove seguidores/as da Palavra, nove homens e mulheres de Deus! 

Alguma semelhança com outro pastor, de três séculos atrás, chamado Samuel? Sim! Este, com dona Susana, não teve apenas nove filhos. Tiveram dezenove! Ambos têm em comum a garra pelo Evangelho, o desprendimento de coisas materiais, a pureza e santidade no casamento e na vida em geral. Com parcos recursos, foram pastores que lutaram pela vida, com muitas bocas para alimentar. Pastores que faleceram cedo, deixando crianças para autênticas mulheres de Deus que, viúvas, persistiram vitoriosamente com seus/as filhos/as na melhor educação e melhor preparo para a vida. 

Nessa família inglesa iniciada no século 17, nasceu John Wesley. Seu nascimento se deu no século 18: em 1703. Foi o 15º filho. Família unida em torno do pai, pastor consagrado, e da mãe, um dos maiores exemplos da história de mãe sábia e retrato perfeito da “mulher virtuosa” de Provérbios 31. 

O Rev. Samuel sonhava com uma Igreja inglesa avivada. A Anglicana havia esfriado. Patrimônio rico, vitalidade pobre. Crentes acomodados. Mal sabia ele que dois de seus dezenove filhos trariam o avivamento sonhado! Mas, nesta vida terrena, nunca soube: morreu bem antes da “Experiência do Coração Aquecido” de John Wesley, em maio de 1738. Charles Wesley, com sua música, e John, com o gênio da organização e coração inflamado na pregação, foram os filhos daquele pastor anglicano que fizeram diferença. 

Nosso saudoso Rev. Duncan Alexander Reily gastou uma aula (meados dos anos 1970) e inúmeros argumentos para rebater falatórios levianos, que tentavam diminuir a importância do “24 de Maio” na vida de John Wesley. Nossa turma de teologia ouviu e reteve essa preciosa dissertação do professor de História. Realmente toda a vida e obra desse avivalista inglês foram moldadas e motivadas a partir daquela experiência na Rua Aldersgate, em Londres. Seus 800 sermões por ano, seus 175 mil quilômetros percorridos em mais de 50 anos de ministério e, enfim, os/as duzentos mil metodistas na Inglaterra e nos EUA por ocasião de sua morte são resultado contundente de uma vida de intensa busca e inquirição espiritual. 

Glorioso 17 de Junho de 1703! Uma criança comum, um menino a mais em pródiga família, um “tição tirado do fogo” em tenra idade, essa criança sobrevivente não só de incêndio, mas de duras condições de vida viria a se tornar talvez o mais importante expoente de avivamento da História da Igreja. Lembrado no mundo todo, admirado em qualquer denominação evangélica, seus escritos e seu exemplo são o melhor parâmetro que possibilita a qualquer Igreja alcançar a fidelidade ao Evangelho. 

Vale a pena ressaltar uma prática wesleyana que hoje (sem o nome “wesleyano”) é tão aplicada. No início de meu pastorado, o Sepal (Serviço de Evangelização Para a América Latina) estimulava evangélicos/as brasileiros/as a ganharem a visão do Discipulado e dos “Pequenos Grupos”. Ainda não os denominavam “células”. Na Semana Wesleyana de 1981, o pastor Mércio Meneghetti introduziu o assunto “Discipulado” e, na ocasião, obteve NADA de aceitação. Porém, mais de duas décadas depois, a Igreja em todo o Brasil assumiu (finalmente) o Discipulado não apenas como bênção em sua prática, mas, muito mais, como obrigatoriedade na vivência pastoral e eclesial. Pois bem. Hoje é palpitante, necessário, vital, o assunto “células”, que nada mais são que o discipulado atendendo a pequenos grupos. Outras denominações levam tão a sério o assunto que nem afirmam “ter” células, mas sim, “são Igrejas em células”. Por que estou afirmando tudo isso ou relembrando a caminhada metodista a respeito? Simplesmente porque o Discipulado, extremamente bíblico e cristão, foi a mola propulsora do metodismo inglês no Século 18. Foram as “classes” ou “pequenos grupos” organizados por Wesley que disseminaram, aprofundaram, equiparam, os leigos e leigas metodistas para que houvesse autênticas vidas cristãs. Hoje nem é muito lembrado o quanto Wesley tem a dizer sobre “células”. Enquanto eu afirmo que ele é um Reformador que, trazendo essa sadia prática cristã, pode ser chamado “o Pai do movimento celular”! 

Glória a Deus pelo Avivamento Metodista. Pelos 140 paí­ses onde o Metodismo abençoa populações. E… Glória a Deus por aquele longínquo 17 de junho, 315 anos atrás, quando Deus concedeu ao mundo aquele pequenino Presidente. 

Flávio Moraes de Almeida 
Pastor da Igreja Metodista Central em Santos


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