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Mar de lama: relembre a edição especial do EC sobre o maior desastre ambiental do país

Moradores contam com o apoio de volunt?rios/as | Antonio Cruz | Ag?ncia Brasil
Moradores contaram com o apoio de volunt?rios/as | Antonio Cruz | Ag?ncia Brasil

No ?ltimo s?bado, 5, o maior desastre ambiental?da hist?ria do Brasil completou um ano: Mariana.

O rompimento da barragem da empresa Samarco em Minas Gerais ainda repercute negativamente na vida das fam?lias que vivem e trabalham na regi?o do Rio Doce.

Em dezembro de 2015, o acontecimento foi capa do Jornal Expositor Crist?o impresso com a mat?ria “Metodistas ajudam fam?lias atingidas por onda de lama em Mariana”. Voc? confere a mat?ria na ?ntegra abaixo e tamb?m pode fazer download da edi??o completa abaixo ou clicando aqui.

A Igreja Metodista do Brasil tamb?m emitiu, em agosto desse ano, uma carta cobrando uma posi??o do Governo Federal em rela??o ?s dificuldades que a popula??o ainda enfrenta. O documento destinado ? Presid?ncia da Rep?blica foi enviado para os ?rg?os respons?veis, como o Minist?rio do Meio Ambiente e assessoria da Samarco. Confira aqui.

No Expositor Crist?o de setembro, voc? tamb?m confere o testemunho de??D?bora Blunck da Silveira, Pastora Metodista em Governador Valadares, que traz o ponto de vista de quem trabalha para amenizar a dor causada pela trag?dia da Samarco. Leia aqui.


Metodistas ajudam fam?lias atingidas por onda de lama em Mariana

Pr. Jos? Geraldo Magalh?es | Editor-chefe do Expositor Crist?o

Publicado originalmente em dezembro de 2015

Jovens da Igreja Metodista em Ouro Branco/MG, em parceria com o grupo de ora??o Caminhando em Unidade (CEU), da Universidade Federal de S?o Jo?o del-Rei/MG, realizaram uma a??o social na cidade de Mariana/MG ? local do rompimento da Barragem Fund?o de rejeitos de min?rio da Samarco, controlada pela Vale e anglo-australiana BHP Billiton ?, no dia 5 de novembro. O distrito de Bento Rodrigues ficou debaixo da lama. Centenas de pessoas ficaram desabrigadas; 7 morreram e 20 ainda estavam desaparecidas at? o fechamento desta edi??o. ?Conseguimos mobilizar 26 jovens.

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Foto: Raphael Oliveira

Arrecadamos roupas, material de higiene, alimento e levamos para os pontos de coleta, em Mariana. A tristeza estava estampada no rosto de muitas fam?lias que perderam tudo?, disse o l?der do CEU, Samuel dos Santos Amorim. Samuel conta ainda que, ao chegar a Mariana, muitas igrejas e institui?es estavam ajudando. ?Decidimos que somar?amos nossas for?as e trabalhar?amos com um foco: mutir?o e trabalho de recrea??o?, finalizou. Para a pastora Anna Karolyna M. Pontes, da Igreja Metodista em Ouro Branco, que fica a 47 quil?metros de Mariana, o trabalho realizado pelos/as jovens foi direcionado e espec?fico. ?Os/as jovens est?o se mobilizando junto aos/?s desabrigados/as levando uma palavra de consolo e a??o social, mas, posteriormente, iremos retornar com eles/as ? cidade e intensificar o trabalho com essas fam?lias?, disse a pastora. Por onde o rio de lama passava, ele deixava a marca da destrui??o.

Al?m de Bento Rodrigues, a lama atingiu outros distritos de Mariana, como ?guas Claras, Ponte do Gama, Paracatu, Pedras e Barra Longa. A lama que desceu pelo Rio Doce, fonte de abastecimento de ?gua para v?rias cidades dos Estados de Minas Gerais e Esp?rito Santo, deixou as ?guas amargas e, simplesmente, matou o rio! Os rejeitos de min?rio foram levados pelo Rio Doce, afetando ainda dezenas de cidades na Regi?o Leste de Minas Gerais at? o Esp?rito Santo. A capta??o de ?gua do rio para abastecer as cidades foi suspensa. Governador Valadares declarou estado de Calamidade P?blica. Outras cidades e distritos, por exemplo, Colatina, Linhares, Resplendor, Reg?ncia, Baixo Gandu, tamb?m foram atingidos pelo tsunami de lama.

V?rios/as crist?os/?s se ajuntaram na Pra?a dos Pioneiros, ao lado da Prefeitura de Governador Valadares, para orar e pedir chuvas sobre a cidade para aliviar o sofrimento. Julio Siman, membro da Igreja Metodista Gr?-Duquesa, conta com detalhes essa experi?ncia. ?O pessoal da minha igreja se reuniu l? no dia 13 para fazer um clamor a Deus por chuvas. Deus respondeu nossas ora?es e choveu na cidade!?, disse.

Solidariedade – Outros/as jovens de v?rias denomina?es em Belo Horizonte/MG tamb?m se mobilizaram. Volunt?rios/as da Igreja Batista da Lagoinha e dos Minist?rios Carisma, Love Movement, Jocum, Inconformados, entre outros, se deslocaram para Barra Longa (distrito de Minas atingido pelos rejeitos da barragem) para amparar as pessoas nas limpezas das casas, doa?es e apoio ?s fam?lias que foram atingidas. ?Sinceramente n?o tenho palavras para expressar o que presenciei. At? o momento estou tentando absorver o que talvez eu chamaria de apocalipse?, disse o l?der do Love Movement, Raphael Oliveira. Em nota oficial publicada no site da Samarco, a empresa diz que 300 profissionais atuaram na limpeza e reconstru??o de vias e casas de Barra Longa. Para prestar assist?ncia ?s fam?lias atingidas, foram entregues, por meio da Prefeitura do munic?pio, tr?s mil cestas b?sicas, mil colch?es, cerca de nove mil litros de material de limpeza, 48 mil litros de ?gua mineral, al?m de utens?lios de limpeza dom?sticos.

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Ex?rcito Brasileiro ajuda na distribui??o de ?gua em Governador Valadares | Julio Siman

?gua – Os/as metodistas que moram na regi?o do Vale do Rio Doce sabem o que ? comprar um gal?o com 5 litros de ?gua a quase R$ 30,00 e correr o risco de ser saqueado/a pelo caminho. ?A cidade vivia um momento de perplexidade porque o Rio Doce j? estava com pouca ?gua. Com a suspens?o da capta??o, o gal?o de ?gua, que era vendido a R$ 7,00, passou a custar R$ 25,00 e muitas pessoas eram assaltadas. Um desespero total!?, disse Julio Siman, membro na Igreja Metodista Gr?-Duquesa.

Como se n?o bastasse o abuso nos pre?os, Neide Alves Correia, da Igreja Metodista em Santa Helena, faz outro desabafo. ?Estamos sofrendo h? uns seis meses sem chuva. A Samarco nos enviou alguns caminh?es-pipa, s? que a ?gua estava com gosto de querosene?, disse. O alto teor de querosene foi confirmado pela prefeitura de Governador Valadares. No primeiro carregamento, cerca de 300 mil litros de ?gua, captadas em Ipatinga/MG, que fica distante 120 quil?metros do munic?pio, foram transportados em dois vag?es-tanque da Samarco pelas linhas da estrada de ferro Vit?ria-Minas. A Samarco mineradora admitiu o erro e enviou, segundo a assessoria de imprensa, at? o fechamento desta edi??o, 17,5 milh?es de litros de ?gua pot?vel e 1,5 milh?o de litros de ?gua mineral somente para atender a Governador Valadares. Em Tumiritinga/MG, a?metodista Vanda Eleot?rio Almeida Dantas conta a situa??o vivenciada na cidade. ?Na Igreja Metodista temos membros que t?m minas de ?gua em seus terrenos. A Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) tem um po?o artesiano e, quando falta ?gua, ela liga o po?o para atender ? cidade. Se n?o atender, vamos at? as minas buscar ?gua?.

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Metodistas de Ouro Branco levam alegria para crian?as de Ouro Branco | Samuel Amorim

Segundo a assessoria de imprensa da Samarco, cerca de 518 mil litros de ?gua pot?vel tamb?m foram enviados para a popula??o de Tumiritinga. A Quarta Regi?o Eclesi?stica se juntou ? campanha ?Doe ?gua? realizada pelo governo do Estado do Esp?rito Santo. ?Fizemos uma grande campanha enfatizando a doa??o de ?gua no Conc?lio Regional como tamb?m em todas as igrejas dos estado da regi?o. Posteriormente, teremos que fazer outra campanha para ajudar ?s fam?lias desabrigadas?, disse o bispo Roberto Alves de Souza. Outras a?es paralelas tamb?m foram realizadas. ? o caso da Igreja Metodista em Muria? e Bar?o de Cocais, ambas em Minas Gerais, que enviaram dois caminh?es com 15 mil litros de ?gua (gal?es de 20 litros) para Governador Valadares. ?Recebemos a doa??o e redistribu?mos para os bairros Carapina, Vale Verde, Gr?-Duquesa, Santa Helena, Vila Mariana e S?o Geraldo?, garante Everton Vargas, coordenador do Minist?rio de A??o Social que realizou a a??o em parceria com a Sociedade de Homens.

Meio Ambiente – Estava certa a afirma??o do bi?logo Andr? Ruschi, diretor da Esta??o Biologia Marinha Ruschi: ?Assim que chegar ao mar, a lama deve atingir cerca de 10 mil quil?metros quadrados do litoral capixaba?. A Justi?a Federal no Esp?rito Santo determinou que a Samarco adotasse medidas para barrar a lama antes de chegar ao litoral capixaba. A mineradora seria multada em R$ 10 milh?es por cada dia n?o cumprido da decis?o judicial. A determina??o foi dada a partir de a??o do Minist?rio P?blico Federal (MPF) com base em c?lculos do Ibama, que estimou que a lama chegaria ao litoral do Esp?rito Santo no dia 19. Nove mil metros de barreiras de conten??o offshore e Sea Fence come?aram a ser instalados dia 18 de novembro, na foz do Rio Doce (ES). Os estudos para o implante da medida foram concretizados pela mineradora Samarco, em conjunto com pescadores/as da regi?o, Projeto Tamar e representantes do Instituto Chico Mendes (ICM Bio).

Segundo a mineradora, as conten?es iniciariam em Reg?ncia?(distrito de Linhares), na parte sul da foz, e seguem at? Povoa??o. Com o objetivo de preservar a fauna e a flora locais, as conten?es devem ser instaladas em pontos estrat?gicos, ?s margens do rio. As pontes de acesso ?s cidades e distritos atingidos pela barragem de rejeitos est?o no projeto de reconstru??o at? janeiro do pr?ximo ano. A maioria delas liga os distritos de ?guas Claras e Paracatu/MG. De acordo com o gerente geral de Execu??o de Projetos da Samarco, as obras ser?o a curto prazo. ?Nossa proje??o ? instalar duas pontes a cada dez dias?, declara. Mesmo com tanta destrui??o, ainda h? quem tem esperan?a de ver o Rio Doce em plena vitalidade. ?Eu espero, antes de?morrer, ver esse rio completamente restabelecido, recuperado. D? para fazer!?.

A declara??o exibida no Jornal Nacional ? de um dos fot?grafos mais conhecidos no mundo que nasceu em Aimor?s/MG, Sebasti?o Salgado. Salgado ? fundador do Instituto Terra. Ele afirma que ? poss?vel recuperar as 300 mil nascentes do Rio Doce que est?o amea?adas. Para isso, ? necess?rio um investimento proporcional ao tamanho do estrago?causado. A Vale e o Minist?rio do Meio Ambiente afirmaram ter conhecimento do projeto do fot?grafo e far?o o poss?vel para apoiar e contribuir para que aconte?a a recupera??o do Rio Doce o mais r?pido poss?vel.

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Crist?os oram pedindo chuva em Governador Valadares | Paulo Rosa

Protesto – Os/as ind?genas Krenak, que dependiam do Rio Doce para sobreviv?ncia, protestaram! Eles interromperam a Estrada de Ferro Vit?ria-Minas, por onde a Vale, controladora da Samarco e da ferrovia, transporta seus min?rios para exporta??o. O l?der da tribo, Geovani Krenak, angustiado, desabafou ? BBC Brasil. “Com a gente n?o tem isso de n?s, o rio, as ?rvores, os bichos. Somos um s?, a gente e a natureza, um s?”, diz.

Ele respira fundo: “Morre rio, morremos todos”. A reserva da tribo ? contemplada por boa parte dos 853 quil?metros de extens?o do Rio Doce. O rio, para os Krenak, ? tido como sagrado h? v?rias gera?es. Todos/as os/as 350 ?ndios/as Krenak daquela regi?o dependem da ?gua do Rio Doce para tomar banho, consumo e limpeza.

Pescadores/as de todo o Vale do Rio Doce aderiram ao projeto Arca de No? para tentar salvar alguns peixes e colocar nas lagoas mais pr?ximas que n?o foram atingidas pela lama. O metodista Ricardo Albuquerque foi um deles. ?? o que podemos fazer no momento, tentar resgatar e salvar algumas esp?cies que s? o Rio Doce tem?, declarou. Em nota oficial, a Samarco garante que foram distribu?dos mais de oito mil litros de ?gua mineral, al?m de 140 caixas d??gua para o armazenamento da ?gua que chegava em caminh?o-pipa para abastecer a popula??o ind?gena da etnia Krenak, que vive na regi?o de Resplendor/MG, no Vale do Rio Doce.

Um Termo de Compromisso Preliminar assinado em 16 de novembro entre a Samarco, o Minist?rio P?blico do Estado de Minas Gerais e o Minist?rio P?blico Federal prev? o valor de R$ 1 bilh?o para garantir a manuten??o de medidas preventivas ambientais ou socioambientais. A mineradora Samarco foi multada pelo Ibama em R$ 250 milh?es, e a Subsecretaria Estadual de Fiscaliza??o de Meio Ambiente do Estado de Minas Gerais multou a mineradora em R$ 112 milh?es pelos estragos ambientais resultantes do rompimento da Barragem Fund?o, ocorrido no dia 5 de novembro. As multas certamente n?o pagam a amargura que todos n?s brasileiros/as e metodistas sentimos no m?s de novembro.

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