“E irá adiante dele no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem-disposto” (Lucas 1.17)
A definição rasa de família diz respeito a um grupo de pessoas morando debaixo de um mesmo teto, porém isso está muito longe da ideia bíblica de família; pois a Bíblia nos diz que família é uma instituição criada por Deus, aliançada pelos laços do amor, em que um homem e uma mulher unidos em casamento, possuem o objetivo de ter filhos e edificar um lar.
Gosto de vários princípios expostos aqui, que nos ajudam a esclarecer a ideia de família segundo a Bíblia, pois vemos aqui que a família é uma criação divina e não humana. É um projeto de Deus e, não importa o quanto o ser humano possa tentar formar outras estruturas, com outra perspectiva, nunca poderá desfazer as alianças estabelecidas em uma família. Estes laços invisíveis de coração são inexplicáveis.
O homem e a mulher firmam uma aliança diante da sociedade, e ainda que em cada cultura os padrões sejam diferentes, o princípio é o mesmo, estabelecer aliança perante Deus e os homens. Temos aqui também o propósito da família, pois Deus fez homem e mulher com o propósito de estabelecer família, gerando descendência.
É claro que quando Deus está pensando em filhos e filhas, aqui como descendência, não seria apenas uma questão de procriar, mas gerar um povo para Deus. Por isso a Bíblia nos exorta sobre os filhos: “eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre, o seu galardão” (Salmos 127.3).
É interessante que o termo filhos “banim”, em sua raiz “bnh”, traz a ideia de “construir”, “criar”, ou seja, como pais, através da criação de nossos filhos, estamos construindo o seu caráter e princípios do Reino em seus corações. Sabemos que essa construção não é fácil, pois vivemos em uma sociedade que tenta a todo custo desconstruir princípios fundamentais da família estabelecidos por Deus na Sua palavra.
E o termo “herança”, “nachaláh, significa uma posse permanente recebida por direito divino, ou seja, não somos nós que temos a capacidade de gerar vida, mas somente Deus, e recebemos nossos filhos e filhas das mãos do Senhor, para entregá-los novamente ao Senhor que é o dono da herança, ou seja, a família tem o propósito de gerar um povo para Deus e para sua glória.
Como já dissemos, este trabalho não é fácil, é necessária graça do alto, pois se a herança é divina, não podemos criá-los apenas com padrões e estratégias humanas.
Prática: podemos estabelecer, em nossa prática diária, o pote da gratidão. Onde podemos colocar ali, motivos pelos quais podemos agradecer a Deus como família. Lembrando que tudo recebemos das mãos Dele, inclusive a nossa família.
O texto de Deuteronômio 6, nos traz uma estratégia divina para o cumprimento desta missão e seu sucesso: “e estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas” (Deuteronômio 6.6-9).
Nesse texto, é importante percebermos que primeiramente o Senhor fala com os pais (Dt 6.1-5), para depois nos ensinar como devemos proceder com nossos filhos. Não podemos ensinar os mandamentos de Deus aos filhos se não o amarmos de todo o coração. Nesse sentido, o ensino que precisamos dar aos nossos filhos não deve ser apenas palavras, mas um exemplo vivo de amor a Deus e à Sua palavra.
A psicologia nos diz que nossos desejos são fruto das marcas psíquicas deixadas pela vivência. Não podemos desejar ou querer algo que não aprendemos a desejar ou querer. Isso é interessante quando pensamos na criação dos filhos, pois se não demonstramos para nossos filhos e filhas o amor pela missão de Deus, não podemos gerar esta paixão em seus corações.
Por isso, uma família que entende que pertence ao Senhor, não pode negligenciar a prática da oração em família e o culto doméstico. Muitas famílias, hoje, viajam juntas, brincam juntas, assistem a séries juntas, mas negligenciam o orar junto; a ler a Bíblia junto etc.
Prática: realize o culto doméstico semanal com sua família, coloquem, juntamente com os filhos, os pedidos de oração da família.
O autor Douglas Wilson, em seu livro “Filhos, educando daqui para a eternidade”, diz que Deus nos criou para sermos criaturas que refletem, criaturas imitativas. Imitamos instintiva e naturalmente”. Entendemos que Deus não nos fez para aprendermos por tentativa e erro, mas através de mentores que vão nos orientar até a maturidade. Não podemos crescer e nos desenvolver sozinhos, o próprio Cristo teve José e Maria para orientá-Lo até a sua maturidade e início do ministério.
Como pais, precisamos entender que somos também modelos e precisamos ter a coragem de como Paulo dizer: “sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados” (Efésios 5.1).
Prática: precisamos trazer nossos filhos para perto de nossas atividades diárias, para que possam ver profundamente a nossa conduta. E muito mais do que isso, precisamos revelar as intenções de nosso coração, para podermos ser exemplos fiéis, aos quais eles possam imitar.
Entendemos que não podemos perder a perspectiva de que não fomos chamados por Deus para gerarmos em nossas famílias apenas bons cidadãos, que cumprem seus deveres e possuem uma boa profissão alcançando o sucesso em suas vidas. A Bíblia nos diz que família é muito mais do que isso, é gerarmos cidadãos do céu, no meio desta geração homocêntrica e individualista. É gerarmos filhos e filhas que sabem que estão aqui somente de passagem, mas o seu alvo é o céu.
Armando Altino da Silva Júnior
Pastor da Igreja Metodista Central em Curitiba
Coordenador da Câmara Regional de Discipulado – 6ª Região – Curitiba/Pr
Instagram: @pr.armandoedri.7
