Mudanças Climáticas e Ecoteologia: Preservando a Criação

dezembro 19, 2025

“A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus.” (Romanos 8.19)

Todos os dias, as notícias alertam sobre os problemas climáticos. Certamente você já vivenciou algum efeito extremo, como calor ou frio intenso e fora de época, bem como enchentes ou seca — tragédias que, infelizmente, temos presenciado na sociedade. Mas o que temos a ver com isso? A Igreja pode fazer alguma coisa? Qual a relação entre a natureza e a fé?

Ecoteologia é uma abordagem teológica que busca integrar a fé ao cuidado e à responsabilidade pela natureza, reconhecendo que o ser humano é chamado a ser guardião da criação, e não explorador do mundo natural. Em resposta às crises ambientais contemporâneas, a ecoteologia propõe um olhar espiritual e ético sobre a natureza, promovendo uma reflexão sobre nossa relação com a Terra e os demais seres vivos.

O apóstolo Paulo, escrevendo aos romanos sobre a nova vida espiritual em Cristo, citou a expectativa da criação, que espera pela manifestação dos filhos de Deus, como cuidadores do mundo (Romanos 8.18-25). Isso nos leva a pensar que, se cremos no Criador de tudo, tornamo-nos responsáveis pelo cuidado com o jardim que foi entregue a nós, sabendo que o motivo do caos é o pecado humano, então precisamos reverter essa situação ao assumir o nosso papel original (Gênesis 2.8,15).

John Wesley, ainda no século XVIII, quando não existia o conceito atual de ecologia, antecipou valores e práticas que hoje podem ser considerados como princípios ecológicos. Seu ensino incluía também o respeito à natureza: via a criação como reflexo da bondade de Deus, defendia a compaixão e o cuidado com os animais, incentivando uma vida de simplicidade e consumo responsável. Em seu manual Primitive Physic, utilizava recursos naturais para a saúde e compreendia a salvação como o objetivo de Deus para toda a criação.

O teólogo Jürgen Moltmann, no livro Deus na Criação: Doutrina ecológica da criação (1993), propôs uma releitura da fé cristã a partir de uma perspectiva ecológica, mostrando que Deus não apenas criou o mundo, mas continua habitando-o, sustentando-o e conduzindo-o à plenitude (Salmo 19.1-4). A natureza é espaço da presença de Deus e deve ser entendida como lugar de vida e comunhão, não como objeto de exploração humana. Confronta as visões capitalistas, fundamentando uma espiritualidade ecológica que une fé, responsabilidade ambiental e esperança escatológica na renovação de toda a criação.

A ecoteologia propõe a relação entre fé, ética e ciência, desafiando a uma transformação pessoal e coletiva em prol da sustentabilidade. A primeira mudança de conceito necessária para entender isso é reconhecer que a humanidade e a criação são interdependentes. Como educadores cristãos, precisamos ensinar, mas, acima de tudo, promover ações concretas, começando pela educação ambiental, luta por leis justas e promovendo uma resposta reativa da Igreja como “sal e luz” (Mateus 5.14), frente aos desafios impostos pelas mudanças climáticas, na esperança da restauração de toda a criação, crendo que um dia veremos “novos céus e nova terra!” (Apocalipse 21.1).

PARA REFLETIR:

– Quanto plástico você tem consumido? Tente fazer um levantamento.

– Como você tem destinado seu lixo: separando ou misturado?

– Sua igreja local utiliza copos descartáveis?

– Existe algum projeto voltado para o meio ambiente?

– O que pode ser feito para conscientizar a comunidade?