A educa??o ? um ato de amor. Essa afirma??o ? de autoria do educador brasileiro Paulo Freire. A Pedagogia Freireana tem como um dos seus fundamentos o humanismo crist?o. Por causa desse fundamento, o amor, em Freire, aparece como uma motiva??o para inserir o homem (categoria antropol?gica e n?o de g?nero) no processo da educa??o.
Segundo Paulo Freire, a educa??o ? capaz de humanizar o homem ativando nele a capacidade de torn?-lo consciente da realidade em que est? inserido. Tornando-se consciente do processo de opress?o que sofre (luta de classes), ele ser? capaz de libertar-se e se tornar? sujeito hist?rico de sua pr?pria vida. Isto s? ? poss?vel porque somente o amor ? capaz de subverter os processos da degrada??o humana historicamente fundamentada pela l?gica pragm?tica da luta de classes que desumaniza o ser humano.
Parafraseando Paulo Freire, intencionalmente afirmo que a educa??o teol?gica tamb?m ? um ato de amor. A diferen?a ? que, neste caso, o amor se refere ao pr?prio Deus, pois, segundo 1 Jo?o 4.7-21, Ele mesmo ? AMOR. Jav? ? essencialmente um Deus pedag?gico, sobretudo no evento da caminhada do deserto. Ele ? um especialista na pedagogia do afeto. Jav? ? um Deus que transforma o ser humano atrav?s da pedagogia da gra?a.
? profundamente n?tido como essa caracter?stica aparece no minist?rio de Jesus Cristo, sobretudo no processo discipulador. Assim, o discipulado como tarefa pedag?gica ? um ato de amor. Ser um/a talmidim (disc?pulo/a) no primeiro s?culo significava n?o somente assimilar proposi?es pedag?gicas, mas encarn?-las em suas vidas assim como o amor ? uma marca indel?vel no car?ter de quem tem como padr?o o discipulado como estilo de vida.
? neste sentido que a educa??o teol?gica desempenha um papel fundamental n?o somente para a expans?o do Reino de Deus e o crescimento da Igreja, mas, sobretudo, para a forma??o humana. Como uma ramifica??o da educa??o crist?, ela ? um processo din?mico de transforma??o, liberta??o e capacita??o da pessoa humana. A educa??o teol?gica n?o tem somente a tarefa de capacitar o ser humano para miss?o, mas educando-se teologicamente ele mesmo se encontra dos desencontros produzidos pela pr?tica sistem?tica do pecado cotidiano.
Nos caminhos da miss?o
? nesta linha de racioc?nio que nos caminhos da miss?o a igreja metodista em terras brasileiras, particularmente na Regi?o Mission?ria do Nordeste, entende a educa??o como parte da miss?o, especialmente a educa??o teol?gica como ramifica??o da educa??o crist?. A educa??o como parte da miss?o oferece ? pessoa humana e ? comunidade uma compreens?o da vida e da sociedade, comprometida com uma pr?tica libertadora, recriando a vida e a sociedade segundo o modelo de Jesus Cristo, que utilizou o amor expresso radicalmente em sua gra?a como plataforma de seu modelo de educa??o, especialmente no processo discipulador.
O quadril?tero wesleyano (b?blia, experi?ncia, tradi??o e raz?o) aponta a b?blia como base e fonte inspiradora para o metodismo. A b?blia para n?s, metodistas, ? o grande manual de educa??o crist?. Por isso, n?o ? de se estranhar que uma das marcas essenciais da identidade metodista seja a educa??o. Somente um modelo educacional que tem como fundamento o amor seria capaz de reunir crian?as em situa??o de rua na Inglaterra do s?c. XVIII n?o somente para educa??o crist?, mas para educa??o integral.
Umas das marcas da tradi??o hist?rica do metodismo nascente ? que, embora se confira maior visibilidade ao nome de Jo?o Wesley, na verdade, o metodismo foi fruto do trabalho das m?os de diversas pessoas: Carlos Wesley e Suzana Wesley, por exemplo, s?o alguns desses nomes. Historiadores/as afirmam que a voca??o do metodismo para educa??o teve origem na casa dos Wesleys, especialmente por causa da figura de sua m?e. Quero dizer com isso que o processo de educa??o nunca ? feito sozinho.
Maturidade vem sempre de um processo de capacita??o intenso e de amor pela miss?o. Sem capacita??o para maturidade do autogoverno n?o seremos competentes na autoproclama??o e, sem ela, muito menos alcan?aremos o autossustento, por isso, ? preciso caminhar com f? em Deus e com planejamento rumo ao desafio de ser uma igreja nordestina cada vez mais focada na tarefa de ser cada metodista um/a mission?rio/a, cada lar uma igreja, rumo ? autonomia regional, tendo a certeza de que a educa??o ? um ato de amor, pois o AMOR sendo o pr?prio Deus ? capaz de transformar radicalmente a vida do ser humano que se encontra com Jesus de Nazar?, o Senhor das nossas vidas e Senhor da Regi?o Mission?ria do Nordeste. Am?m!
Pastor Ricardo Pereira da Silva | Diretor do CEMENE (Centro Metodista do Nordeste)
Publicado originalmente no?Jornal Expositor Crist?o impresso de maio/2017
/// Refer?ncias:
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