Publicado por Redação em Notícias - 06/03/2018 às 13:17:42

Capelania Militar: conheça quais são os desafios


Culto com celebração da Santa Ceia para os/as militares da Aeronáutica | Foto: Arquivo FAB

Nesta edição do Expositor Cristão (EC), iremos abordar na Série Capelania, os trabalhos que são desenvolvidos por alguns capelães militares. Atualmente existe no serviço ativo do Exército, Marinha, Aeronáutica e Corpo de Bombeiros Militar, cerca de 20 denominações diferentes. O ingresso de capelães militares nas Forças Armadas acontece com base no art. 5º, inciso VII da Constituição Federal, nos termos da Lei nº 6.923, de 29 de junho de 1981. Já o ingresso nas Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares se dá de acordo com leis estaduais específicas.
O EC conversou com alguns capelães para entender esse trabalho missionário. O Tenente-Coronel, Capelão-Chefe do Serviço de Assistência Religiosa da PMDF, Gisleno Gomes de Faria Alves, iniciou como Capelão em 2009, após se interessar pela possibilidade de unificar a vida profissional com a ministerial. De acordo com Gisleno, a capelania possui uma função estratégica nas Corporações Militares e de Segurança Pública, porque acessa uma área da vida que interfere diretamente em todas as outras, especialmente ao trabalhar os valores, o sentido da vida e do trabalho, a motivação para agir e superar os desafios, entre outros aspectos. “Tudo isso traz resultados cientificamente comprovados de qualidade de vida, melhoria do clima organizacional e maior efetividade no serviço, deixando claro, com isso, o interesse público em relação à capelania. Esse é um aspecto a ser mais explorado nas Corporações e nas igrejas”.

O Tenente-Coronel também chamou atenção para o despertamento das igrejas para esse tipo de ministério. “Entendo que a igreja deve se despertar mais para o seu papel social, sua contribuição para a coletividade e a construção de uma sociedade melhor”, disse.

Além das atribuições administrativas do oficialato, por lei, a missão dos capelães é prestar assistência religiosa e espiritual e atuar na educação moral do efetivo, na perspectiva de saúde integral. “Estrategicamente, a atuação dos capelães, em conjunto com outras iniciativas, visa ao desenvolvimento pes­soal de cada integrante da Corporação, bem como ao desenvolvimento institucional, para que a tropa esteja no máximo de seu potencial para bem servir a sociedade”, destacou Gisleno.

As principais atividades são a ministração de cursos; momentos com Deus; reflexões em liberações de policiamento e formatura; aconselhamento; visitação domiciliar, prisional e carcerária; apoio em situações de crise e falecimento; celebrações especiais de aniversário ou criação de Batalhões; passagem de policiais para a reserva; atuação em programas de prevenção ao suicídio, à vilolência doméstica, dependência química, entre outros.

O Capitão Capelão do Força Aérea Brasileira (FAB), Cláunei Crístian Delgado Dutra, começou a trabalhar com capelania em 2008, após uma crise eclesial. “Me interessei porque senti despertado por Deus para olhar com mais atenção para essa área, depois que vivi uma crise pessoal no ministério da igreja civil. Ao conhecer melhor a capelania militar, descobri que se encaixava perfeitamente com a visão missionária que possuía desde o meu chamado ao ministério pastoral”, afirmou.

Para ele, há uma carência nessa área de capelania. “As necessidades espirituais dos/as militares é desconhecida pela maior parte da igreja civil. Acredito que por muito tempo a igreja civil não esteve interessada e preocupada com essas necessidades dos/as militares. Mas agora, essa realidade vem mudando aos poucos, mas ainda é muito carente diante do universo a ser atendido e dos recursos disponíveis. A necessidade existe e vem sendo cada vez mais reconhecida pelas Forças, mas é uma área que vem se expandindo lentamente se colocada diante do vasto campo de atendimento e suas necessidades”, disse.


Capelão Gisleno com a família no I seminário nacional de assistência religiosa | Arquivo Pessoal Gisleno Faria

Segundo o Capelão Cristian, não há como mensurar exatamente uma quantidade de atendimentos por mês, porque isso varia de acordo com a época e com a circunstância em que o/a militar estiver envolvido/a. “É possível dizer apenas a quantidade de militares que estão sob a ação assistencial do/a capelão/ã. No meu caso, sou o único capelão pastor da FAB no Rio de Janeiro. O efetivo evangélico nessa área se aproxima de 10 mil militares. Se considerarmos o atendimento indireto a adeptos/as de outros grupos religiosos e aos/às familiares dos/as militares, que também é competência do/a capelão/ã, esse número pode passar de 50 mil pessoas. Cada capelão/ã tem uma área de atuação e pode acontecer que padres e pastores/as tenham áreas sobrepostas, mas que ofereçam assistência direta a uns/as e indireta a outros/as”, finalizou.

Como se tornar um/a capelão/ã?

Os/as capelães militares podem ser sacerdotes/as de qualquer religião praticada por integrantes da PMDF. Como o número de capelães é pequeno e não é possível atender a todas as religiões, a lei estabelece o preenchimento de vagas pelo critério da proporcionalidade entre o número de capelães e o número de praticantes de cada religião na Corporação, de acordo com o censo. Atualmente, a PMDF possui em seu quadro de capelães um tenente-coronel pastor e um capitão padre. Uma vaga está em processo de provimento para capelão padre. E outras duas ficarão disponíveis para concursos posteriores. A capelania está desenvolvendo um cadastro de líderes de religiões que não possuem capelães para atender a eventuais demandas de outros credos. 

Concurso público de provas e títulos entre interessados/as que possuam pelo menos dois anos de ordenação pastoral, curso de Teologia reconhecido pelo MEC, idade inferior a 36 anos, entre outros requisitos. O certame inclui também Teste de Aptidão Física, Avaliação Psicológica, Avaliação Médica e Sindicância da Vida Pregressa. 

Dados

Existem pesquisas internas que revelam um alto grau de influência das ações da capelania na melhoria da qualidade de vida familiar, qualidade do serviço prestado, entre outros fatores. A exemplo disso, 92,42% dos/as entrevistados/as afirmaram que os cursos realizados na capelania poderiam evitar que policial militar ou familiar cometesse suicídio; 97,22% afirmaram que poderia ajudar a evitar a violência doméstica praticada por policial e 99,37% afirmaram que a atividade incentivou a valorizar e respeitar os direitos humanos. A Capelania da PMDF aplica os cursos Homem ao Máximo, Mulher Única, Aliança, Crown - Finanças e Como Criar Seus Filhos, do curriculum da Universidade da Família.

Confira as entrevistas completas abaixo:

Entrevista completa com Cláunei Crístian
Entrevista completa com Gisleno de Faria
 

Pr. José Geraldo Magalhães
Publicado originalmente no Jornal EC de março de 2018. Acesse aqui.


Posts relacionados

Atualidade, Igreja e Sociedade, Nacional, Episcopal, Metodismo, Opinião, Editorial, Capa, Notícia, Notícias, Conscientização, por José Geraldo Magalhães Jr.

Expositor Cristão: Febre amarela e os desafios da Igreja!

Estamos praticamente no início do ano. E mais uma vez fomos surpreendidos/as por temas que são repercutidos na sociedade. Ano passado foi a crise nas penitenciárias brasileiras. Este ano é a preocupação alarmante que a mídia vem sentindo sobre a febre amarela. Embora os veículos de comunicação estejam noticiando esse assunto desde novembro, foi em janeiro que as coisas começaram a ficar mais preocupante ao assistir pela televisão às filas intermináveis em busca da vacina.