Publicado por Redação em Notícias, Igreja e Sociedade - 05/12/2017 às 15:28:29

Quando vi que era fome, saí e chorei


 

A Igreja Metodista e os Direitos Humanos no Brasil. 

 “Neste tempo, fazemos uma escolha clara pela vida, manifesta em Jesus Cristo, em oposição à morte e a todas as forças que a produzem” 
(Plano para a Vida e Missão, publicado no Plano Nacional Missionário, 2017)

Um dos grandes legados de Wesley e do Movimento Metodista é a busca por uma espiritualidade comprometida com seu respectivo tempo. Wesley era alguém profundamente conectado e comprometido com o sofrimento do povo de sua época. Ser alguém que se deixa tocar pelos problemas de seu tempo significa ser alguém impelido pelo Espírito Santo, pois é Ele que sopra no povo de Deus sempre o renovo da vida, que conduz a igreja de Deus a encarnar a missio dei no mundo. 


O Plano Nacional Missionário (PNM) traz em sua parte da fundamentação bíblica o texto de Mateus 1.12-15, que relata o início do ministério de Jesus como orientação para nossa igreja em sua missão neste novo ciclo, que tem início a partir do último Concílio Geral. Para onde vamos? Nossa única resposta a essa pergunta é: vamos para onde o Espírito Santo nos enviar. No texto, o Espírito impeliu Jesus para o deserto. Para onde o Espírito está nos impelindo como povo metodista hoje? 


Após a vivência no deserto, o Espírito sempre levava Jesus ao encontro dos/as mais necessitados/as, daqueles/as que mais sofriam em seu tempo. Vale ainda destacar a importância que John Wesley dava para que todo e toda metodista interpretasse bem o seu tempo. A boa recomendação de ter a Bíblia numa mão e o jornal na outra.

História

Um pouco de história dos Direitos Humanos no mundo: 10 de dezembro é o Dia Internacional dos Direitos Humanos. A data foi instituída em 1950, dois anos após a Organização das Nações Unidas (ONU) adotar a Declaração Universal dos Direitos Humanos como marco legal regulador das relações entre governos e pessoas. Com esse ato, mais do que celebrar, a ONU visava destacar o longo caminho a ser percorrido na efetivação dos preceitos da declaração.


Nos trinta artigos do documento estão descritos os direitos básicos que garantem uma vida digna para todos/as os/as habitantes do mundo (liberdade, educação, saúde, cultura, informação, alimentação e moradia adequadas, respeito, não discriminação, entre outros). 


A declaração é, nesse sentido, um marco normativo que serve de guia para as condutas de governos e cidadãos/ãs. Seus princípios inspiraram e estão amplamente disseminados no arcabouço legal dos mais diversos países, assim como nos inúmeros tratados internacionais que versam sobre o tema.

Qual o problema dos direitos humanos e quais os desafios atuais?

Joaquim Herrera Flores, no livro A reinvenção dos Direitos Humanos, faz uma crítica ao modelo dos DH que temos disseminado no mundo desde 1948. Em sua visão, temos um desafio que é teórico e ao mesmo tempo prático. Apesar do esforço internacional realizado para formular juridicamente uma base mínima de DH que alcance todos os indivíduos e formas de vida, estamos atual­mente diante de um novo contexto social, econômico, político e cultural que, para fixar uma data de início, se desenvolve politicamente a partir da queda do Muro de Berlim e do anúncio do “fim da história” proclamados vencedores da Guerra Fria. Neste novo contexto, vê-se uma paralisação das medidas interventoras por parte do Estado, que controlava as consequências do mercado aplicando medidas interventoras; na atualidade é o mercado que impõe as regras aos Estados por meio de instituições globais, como o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e, sobretudo, a Organização Mundial do Comércio.

Toda essa nova problemática faz com que grande parte da literatura relacionada aos direitos (desde a etapa de internacionalização com a carta de São Francisco de 1945 até os últimos relatórios do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD) exija uma teoria que dê atenção especial aos contextos concretos em que vivemos e uma prática educativa e social de acordo com o presente que estamos atravessando. 

A deterioração do meio ambiente, as injustiças propiciadas por um comércio e por um consumo indiscriminado e desigual, a continuidade de uma cultura de violência e guerras, a realidade das relações transculturais e das deficiências em matéria de saúde e de convivência individual e social que sofrem quatro quintos da humanidade obrigam-nos a pensar e, consequentemente, a apresentar os direitos desde uma perspectiva nova, integradora, crítica e contextualizada em práticas sociais emancipadoras. 

Diante do exposto acima fica uma ou algumas perguntas: Qual a contribuição da Fé e das Igrejas na construção de uma nova teoria que se faz necessária dos DH? De que modo enfrentar este desafio na prática, como conviver com crianças passando fome, como foi o caso que deu título a este texto ocorrido em Brasília recentemente? Como mobilizar nossas igrejas locais, Confederações e Sociedades para uma ampla mobilização de toda a comunidade para a promoção da paz e da justiça? 

Lamentavelmente, o Brasil é o país que mais mata pessoas no mundo. Em 2016 foram quase 60 mil pessoas; destas, a maioria são jovens entre 15 e 29 anos, são negros/as e vivem nas periferias das cidades. Ou seja, no Brasil, os homicídios atingem diretamente uma determinada parcela da população. Como a Igreja pode fazer frente a essa realidade considerando nosso compromisso com a dignidade de todas as pessoas, de dentro e de fora das Igrejas?

Nossa oração é para que Deus nos levante nesses tempos de morte para vivermos e anunciarmos a vida plena para todos e todas. 

Pr. Welinton Pereira da Silva
Pessoa de Referência de DH da Igreja Metodista
Publicado originalmente no Jornal Expositor Cristão de dezembro/2017 


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