Publicado por Redação em Igreja e Sociedade - 02/03/2016 às 08:08:24

Por que a Igreja deve ajudar no combate ao mosquito Aedes aegypti?

Placa com a imagem do mosquito. Descrição: Zika, Dengue e Chikungunya

Dengue, chikungunya e zika vírus. O que elas têm em comum além de serem doenças virais e que apresentam manchas vermelhas no corpo e febre? O que isso tem a ver com a Igreja? Por que são um desafio missionário na atualidade? O primeiro brasileiro que se empenhou muito a combater o Aedes foi Oswaldo Cruz no início do século 20. Oswaldo Cruz teve que enfrentar preconceitos de médicos/as e da população – que acreditavam que a doença era transmitida pelo contato com as roupas, suor, sangue e secreções de doentes –, para empreender um projeto de eliminação dos mosquitos e provar que eles eram os transmissores da doença que matava brasileiros/as e viajantes que passavam pelo Rio de Janeiro. Mesmo assim, ele implantou medidas sanitárias com brigadas que percorreram casas, jardins, quintais e ruas, para eliminar focos de insetos. Sua atuação provocou violenta reação popular. Leia mais sobre Oswaldo Cruz aqui.

Lutar para combater o mosquito é tão importante para nós metodistas porque não foi um médico, mas o pastor metodista Hugh Clarence Tucker que introduziu a Oswaldo Cruz a pesquisa que faria diferença na sua atitude à frente do posto de Diretor de Saúde do Brasil. Tucker também ficou conhecido na época pela sua participação na criação do Hospital Evangélico, pela criação de um centro social na área do Morro da Providência e um playground na Quinta da Boa Vista.

O pastor Tucker teve a infelicidade de contrair a febre amarela juntamente com a esposa e o filho. Isso o levou a pensar em uma forma de acabar com essa situação. Em sua autobiografia ele deixou registrado: “Quando cheguei ao Brasil, encontrei problemas sociais de natureza muito mais séria. A escravidão ainda predominava, e concepções modernas de humanizações estavam ausentes em setores como saneamento, saúde pública, cuidados com as crianças e tratamentos dos criminosos. A febre amarela não era a única epidemia no Brasil. A mortalidade infantil era alta de modo a ser alarmante. Sanea­mento e método ou eram desconhecidos ou negligenciados”. Leia mais sobre Hugh Clarence aqui.

O missionário metodista Hugh Tucker descreveu também em sua autobiografia as ações de uma campanha contra a febre amarela sugerida por ele após correspondências que vieram dos Estados Unidos. “O dr. Cruz delineou um plano de ação e organizou uma campanha contra a febre amarela, por minha sugestão, e publicou um folheto indicando o que era necessário, em matéria de cooperação pública e colocou-o em todas as casas da cidade. Isto me deu prazer e um sentimento de gratidão que eu pudesse cooperar no que eu via como uma aplicação do Evangelho de meu Mestre às necessidades de uma grande raça”.

Oswaldo Cruz iniciou a campanha em 20 de abril de 1903. Naquele ano houve 584 mortes de febre amarela. No ano seguinte houve só 84 mortes e, em 1908, apenas 5 mortes.
Você poderia dizer que está fazendo a sua parte orando, mas seria isso a verdadeira função da Igreja neste momento? O que nos falta para entrarmos nesta guerra contra o mosquito? Temos milhões de “Tuckers” em potencial no Brasil. Tucker nos responde em sua autobiografia por que devemos nos envolver neste tipo de trabalho social: “Frequentemente me perguntam quando e como me tornei interessado no moderno evangelho social. A pergunta não pode ser respondida, pois tal interesse é inseparável do desenvolvimento de minha atitude cristã e minha carreira desde o início”.
"Creio que podemos ser agentes transformadores de mudança para acabar com essa epidemia"

Para finalizar, quais seriam as recomendações da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde no combate a estas doen­ças: dengue, chikungunya e zika vírus depois de Oswaldo Cruz? “Não existem medidas de controle específicas direcionadas ao homem, uma vez que não se dispõe de nenhuma vacina ou drogas antivirais”, ou seja, as condições continuam sendo as mesmas que na época de Oswaldo Cruz.

Prevenção domiciliar


Diminuir a quantidade de mosquitos por meio da eliminação da possibilidade de contato entre mosquitos e água armazenada em qualquer tipo de depósito. Manter os reservatórios ou qualquer local que possa acumular água totalmente cobertos. Nos locais com muitos casos ou alertas, a proteção individual por meio do uso de repelentes deve ser implementada pelos/as habitantes.

Prevenção na comunidade


Na comunidade, deve-se basear nos métodos realizados para o controle da dengue, utilizando-se estratégias eficazes para reduzir a densidade de mosquitos vetores. Os programas de controle da dengue para o Aedes aegypti, tradicionalmente, têm sido voltados para o controle de mosquitos imaturos, muitas vezes por meio de participação da comunidade em manejo ambiental e redução de criadouros.

Tudo isso já foi realizado no passado. Temos condições de criar um grande exército com milhões de “agentes comunitários da mudança”. Creio firmemente que se treinarmos os/as moradores/as a serem os/as “agentes da transformação” poderemos combater de forma eficiente essa epidemia. Não basta apenas o exército ou agentes de saúde profissionais, mas todos/as são convocados/as a serem “agentes da mudança”.

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