Publicado por Redação em Metodismo, Episcopal - 29/04/2016 às 17:32:23

Família, casamentos e votos

“Seja, porém, a tua palavra: sim, sim; não, não. O que disto passar não produz o bem, produz o mal” (Mt 5.37)

“Acima de tudo, porém, meus irmãos, não jureis nem pelo céu, nem pela terra, nem por qualquer outro voto; antes seja o vosso sim, sim, e o vosso não, não, para não cairdes em juízo” (Tg 5.12)

“Ora, determinando isto terei, porventura, agido com leviandade? Ou, ao deliberar, acaso delibero segundo a carne, de sorte que haja em mim, simultaneamente, o sim e o não? Antes, como Deus é fiel, a nossa palavra para convosco não é sim e não. Porque o Filho de Deus, Cristo Jesus, que foi, por nosso intermédio, anunciado entre vós, isto é, por mim, e Silvano, e Timóteo, não foi sim e não; mas sempre nele houve o sim” (2Co 1.17-18)

Vivemos um período da história em que a sociedade, de modo geral, tem dificuldades em tratar de afirmações absolutas. Estamos em um contexto social liberal; às vezes anárquico, onde tudo é relativo e as coisas dependem exclusivamente do ponto de vista de cada um/a. Razão pela qual a Igreja, por pretender afirmar verdades e valores absolutos, tem sido definida como uma instituição conservadora, intolerante e retrógrada.

Os textos bíblicos acima referidos, embora escritos em contextos diferentes e para situações diferentes, são bons exemplos dessa radicalidade com a qual temos dificuldade em concordar e trabalhar.

O que está em jogo ao assumir votos


As referências bíblicas põem em evidência os votos, os juramentos, ou seja, a palavra empenhada em relação ao que é tomado como verdade absoluta e sobre a qual não há possibilidade de relativizar-se. Algo que não se pode tomar em vão e jogar ao vento. Sim é sim e não é não. No texto à Igreja de Corinto, essa radicalidade está no contexto de uma missão que exige o cumprimento de determinada ação cotidiana da vida.

Sim e não, em qualquer idioma, representam uma estrutura mínima de pensamento e de linguagem; seja de forma implícita, explícita ou simbólica. Sabemos que as estruturas mínimas são facilmente compreensíveis, não exigem complementariedade nem longas explicações. Geram menor confusão.

Sim, pois no dia a dia necessitamos de convicção para declararmos quando manifestamos o sim ou o não. Também, as outras pessoas precisam saber quando nosso posicionamento é relacionado ao sim ou ao não. Precisamos dessa clareza radical para evitar-se a dúvida, que gera confusão. Sim e não são antíteses que não geram sínteses. É impossível confundir sim e não, a não ser quando se pretende escamotear a verdade.

 

Votos e missão


Portanto, a ação dos cristãos e cristãs não pode ser confundida ou diluída entre valores opostos, vacilantes, que gerem ações contraditórias. A palavra do cristão e da cristã é a expressão daquilo que crê e pratica na sua vivência como discípulo e discípula de Jesus. O cristão e a cristã tomam, por causa das coisas que creem, atitudes radicais. O sim é sim e o não é não. Nesse caso, para os relatos bíblicos, o/a cristão/a estabelece uma união indissociável entre aquilo que pensa (crê), que afirma e que faz.

Quando assumimos votos estamos declarando um compromisso radical com o conteú­do que professamos, com os valores com os quais nos comprometemos.
Os votos assumidos diante de Deus por um casal são expressões da radicalidade que se pretende vivenciar, de forma conjunta, cuja ruptura só se justifica por jugo desigual, por quebra: do cuidado mútuo, da fidelidade mútua, da partilha equânime das responsabilidades.

O núcleo familiar, nas diferentes formas de composições, tem como valor o sim à vida, ao acolhimento e proteção mútua, à mútua responsabilidade pelo bem-estar coletivo.
Por fim, o sim dito diante de Deus e do acolhimento da comunidade de fé, para formação da família, reafirma que Ele é a fonte do amor, da paz, da alegria, da esperança no futuro. A Igreja afirma que a união conjugal é estabelecida como propósito de Deus para a vida de relacionamentos saudáveis. A constituição da família é projeto e propósito de Deus para todas as pessoas. Por isso, a maior decisão que o ser humano pode tomar é aceitar a Jesus Cristo como Senhor e Salvador, pois todas as decisões de bem-aventurança e de sentido de pertencimento decorrem dessa decisão primordial. Esse é o nosso sim!

Escrito por: Bispo Luiz Vergílio

 


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