Publicado por José Geraldo Magalhães em Metodismo, Concílios, 20º Concílio Geral - 29/04/2016 às 13:52:43

Bispos Eméritos e Honorários refletem sobre os desafios para o 20º Concílio Geral

Grupo de pessoas lendo a Proclamação aos metodistas, onde está escrito: "Todas as pessoas estão convidadas a orar pelo 20° Concílio Geral da Igreja Metodista. Pedimos especial atenção para: A unidade na diversidade; A liberdade de expressão e reconciliação; O respeito às diferenças e amor entre todos os conciliares; O fortalecimento da missão e identidade metodista." Assinado: Rei Jesus - O Alfa e o ÔmegaDirigimo-nos à família metodista, em terras brasileiras, para oferecer o nosso olhar neste momento de preparação para o 20º Concílio Geral com humildade, respeito, submissão ao Senhorio de Jesus Cristo e inspirados pelo desafio do Apóstolo Paulo: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12.2).

Vivemos movimentos e transformações na sociedade brasileira em virtude das dificuldades que se apresentam para a vida, em um contexto social marcado pelo paradigma da chamada pós-modernidade. Constata-se uma crise ético-moral, político-partidária, retração do desenvolvimento econômico, desemprego e com profundas rachaduras no tecido social. Nessa esteira, se acentua o fundamentalismo religioso, de corte dogmático, hegemônico e excludente, que tem alcançado visceralmente nossa Igreja e contribuído para a fragilização de nossa identidade e de nossa eclesiologia.

Vivenciamos tempos de profunda confusão religiosa e, nessa conjuntura, assistimos à invasão do discurso religioso marcado pelo messianismo, estrelismo, competição, práticas pastorais e ministeriais sem fundamentação bíblica, teológica e doutrinária, desfocado da essência do ensino e do exemplo de Jesus Cristo, bem como uma visão consumista, materializada e secularizada do Evangelho tendo como matriz a teologia da prosperidade e os seus desdobramentos, contrariando a nossa herança cristã e histórica.

Percebemos um esvaziamento nos Dons e Ministérios, concentração de poder e de decisões no ministério ordenado da Igreja e desvirtuamento do discipulado enquanto estilo de vida, método de pastoreio e crescimento da Igreja. Percebemos a introdução de outros modelos de discipulado que apresentam propostas eclesiológicas antagônicas ao modo de ser metodista e que geram confusão na compreensão da identidade e da confessionalidade metodista.

Diante dessas constatações, o compromisso com um projeto de evangelização que contemple os princípios bíblicos, os documentos missionários e conciliares e os desafios da realidade brasileira, por certo, impulsionará a Igreja Metodista a se inserir no contexto social de forma profética e transformadora.

Destacamos também que o princípio conciliar em todas as esferas da estrutura organizacional e missionária da Igreja Metodista ensejará uma maior participação do povo metodista nas decisões em todas as áreas e, consequentemente, oferecerá diretrizes pastorais e missionárias para o pleno cumprimento da missão.

O respeito à diversidade dos dons e ministérios e o desenvolvimento de um discipulado integrador na vivência da comunidade de fé e serviço, enquanto Igreja Corpo de Cristo, é fundamental para o crescimento quantitativo, qualitativo e orgânico do movimento metodista. Além disso, a tríade do movimento metodista – evangelização, educação cristã e ação social – é necessária para o equilíbrio e a vitalidade da Igreja, assim como a Escola Dominical, grupos societários, grupos de discipulado familiar, pastorais escolares e universitárias, instituições educacionais, teológicas e sociais.

Rogamo-vos, pois, irmãos e irmãs metodistas, à luz dos 150 anos de presença em terras brasileiras e dos 500 anos de Reforma Protestante, a serem celebrados no próximo ano, que nos mobilizemos num grande movimento de reforma eclesiológica. Que esse movimento recupere a natureza da missão, ministério e governo da Igreja, e nós, enquanto povo de Deus, estejamos em consonância com os nossos documentos balizadores da profissão de fé, pois a Igreja é um corpo, organismo vivo, comunidade de Cristo (Ef 1.11-23; 1Co 12.27). Sua vivência deve ser expressa como uma comunidade de fé, adoração, crescimento, testemunho, amor, apoio e serviço. Nessa comunidade, metodistas são despertados/as, alimentados/as, crescem, compartilham, vivem juntos/as, expressam sua vivência e fé, edificam o corpo de Cristo, são equipados/as para o serviço e o executam junto das pessoas e comunidades (1Co 12.16-26; 2Co 9.12-14; Ef 4.11-16).

Que no contexto do 20º Concílio Geral da Igreja Metodista, nossas orações e ações sejam para unidade na diversidade; encontro, liberdade de expressão e reconciliação; dons, virtudes e atitudes caracterizadas pelos valores do Evangelho; respeito às diferenças e grande convergência em amor, pois o amor é o maior dom e o maior fruto do Espírito Santo de Deus, e que a tendência ao personalismo e homogeneização que desagrega e discrimina seja superada. Temos um chamado que é o de firmarmos um pacto de unidade na diversidade que conduza a Igreja nos caminhos da santificação, da piedade e misericórdia, da esperança cristã, da ética, da disciplina institucional, tendo em vista uma ação missionária transformadora e sinalizadora do Reino de Deus.

Que o Senhor esteja conosco!
PÁSCOA - 2016

Escrito por: 
Adriel de Souza Maia | Bispo Emérito
Geoval Jacinto da Silva | Bispo Honorário
João Alves de Oliveira Filho | Bispo Emérito
Josué Alves Lazier | Bispo Honorário
Nelson Luiz Campos Leite | Bispo Honorário
Paulo Ayres Mattos | Bispo Emérito
Richard dos Santos Canfield | Bispo Emérito
Rozalino Domingos | | Bispo Emérito
Stanley da Silva Moraes | Bispo Honorário

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